terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Efon










O "Asé Yangba Oloroke ti Efon" ou simplesmente como é chamado o Terreiro do Oloroke situado à Rua Antonio Costa (antiga travessa de Oloke) nº 12, no bairro do Engenho Velho de Brotas - Salvador - Bahia, para que quando alguém ouvir falar de nosso Asé, saibam quem somos e de onde viemos. Em primeiro lugar vamos à origem na África, mais exatamente em Ekiti-Efon (não confundir com Ifon, a terra de Osalufon) no Brasil usa-se o termo "Lokiti Efon" e onde reina absoluta aquela que é a rainha da nação no Brasil, Efon, ou seja, Osun. Pois é bom esclarecer que Osun, nossa matriarca, é nascida em Ekiti-Efon, onde ela era considerada a mãe de Logum Edé, Yemoja e do Awujale de Ijebu-Ere, no estado de Ekiti (Onadele Epega). Para concluir podemos traduzir o nome da divindade Efon dos tempos Lailai como sendo Osun, nome de seu rio e onde guardava seus tesouros, companheira inseparável de Oloroke que é seu pai, ficando assim esclarecido o porque da casa chamar-se terreiro do Oloroke e Osun ser a dona do Asé, sendo ele louvado juntamente com Osun nos nossos principais ritos.
Pois bem, foi desta localidade, que veio para o Brasil na condição de escravos por volta de 1850 o fundador da nação no Brasil, um Tio Africano , chamado José Firmino dos Santos, mais conhecido como, Tio Firmo (Oxum Tadê) que veio da região de Ijesá que inclui Adô Ekiti, Ifon, Akurê, Ilesa, Ikirê, Ekiti Efon etc. Sua cidade natal seria Ilesá na antiga Ijesá onde foi iniciado para Oxum, e foi na cidade de Ifon que ele se iniciou em Ifá e recebeu o nome de Baba Erufá.
Maria Violão Juntamente com ele, veio uma uma princesa do Ekiti-Efon , de nome Maria da Paixão(Adebolu), mais conhecida como Maria Violão,



trouxe como orixá particular rei da nação, Olorokê (Aquele que é cultuado no alto). Como Adebolu, seu nome, significa A coroa que cobre a terra símbolo real por excelência.
Por volta de 1860 Tio Firmo e Maria Bernarda fundam o Asé Oloroke no engenho velho de Brotas, onde encontra-se até hoje, plantando ali o Asé de Osun e com isto além de fundar uma casa fundam também a Nação Efon. Mais tarde tio Firmo passa a viver maritalmente com Maria Bernarda da Paixão que era sua governanta e passam a dividir as funções do Asé.



Acredita-se que nesta época ambos já eram libertos. Os Igbas ou assentamentos dos orixás foram trazidos da África e estão até a presente data preservados no Ile. La encontra-se a Osun de Tio Firmo e Oloke de Maria Bernarda entre outros.Apesar da libertação dos escravos, a perseguição a cultos Afros foi intensa e conta-se que Tio Firmo foi preso por várias vezes. A árvore do Iroko, um dos símbolos da casa, foi plantada após a libertação dos escravos, mas bem no final do século XIX, e a muda do Iroko veio da Casa de Osumare.
Outra história interessante do Iroko do terreiro do Oloroke, é que onde ele foi plantado era caminho das pessoas, pois ainda não haviam muros nem cercas e foi debaixo do Iroko da casa, que a finada Mãe Runho da nação Jeje deu a luz a Nicinha Lokosi e esta informação pode ser confirmada por Nenê de Osagiyan neto carnal de Runho e por outros antigos ligados ao Bogun.
Tio firmo vindo a falecer por volta de 1905 , fica a frente do Ase., Maria da Paixão (Adebolu). Maria Violão iniciou várias pessoas entre os quais podemos citar Mãe Milu que foi a Ya kekere do Asé, Matilde de Jagun (Baba Oluwa) sua sucessora e terceira mãe da casa,Cristóvão Lopes dos Anjos (Ogun Anauegi) , Celina de Yemonja (esposa de Cristóvão), Paulo de Sango, filho carnal de Mãe Milu, Crispina de Ogun, a quinta pessoa a governar o Asé, e muitos outros.
Matilde de Jagun No dia 4 de outubro de 1936 morre Maria Bernarda da Paixão aos 94 anos de idade. Após muitas divergências assume a casa Matilde de Jagun, Baba Oluwa, que fez muitos iyawo entre os quais Noélia de Osun e Emiliana também de Osun. Tia Matilde tinha vontade que Waldemiro de Xangô (Obálokitiassi) feito na casa por Cristóvão Lopes dos Anjos (Ogun Anauegi) e que tomou 7 anos com ela assumise o Ase quando ela fosse. Mãe Matilde vem a falecer no dia 30 de outubro de 1970 aos 67 anos de idade. Cristovão Lopes
Após o falecimento de Matilde quem assume a casa é Cristóvão de Ogun que faleceu no dia 23 de setembro de 1985 aos 83 anos de idade. Após a morte de Cristóvão, a casa do Ase ficou fechada. Waldemiro de Xangô (Obálokitiassi) Baiano comprou a terra que fica o barracão, tentando assim levar à frente para que o Ase não acabe.
Baiano então reabre o Ase e senta na cadeira Mãe Crispina de Ogun. Após a morte de Mãe Crispina, a cadeira está a espera de uma nova Yalorisa ou Babalorisa até a data de hoje.
Eu também que sou feito desta nação com muito orgulho, estou resgatando tudo que estava se perdendo por causa da influência do Keto, para que a nação e o axé não se acabe. OBS.: Acabar em termos, pois enquanto existir Oxum, Logun Edé, Olorokê, Olokê e outros orixás exclusivos desta nação ela não acabará.
A nação de Efon é pequena no Brasil mas tem grandes orixás.Cante com a gente A INJÔ LAYÓOMÓ EFON FARAYÓ( DANCE COM A FELICIDADEOS FILHOS DE EFON SÃO INICIADOS PARA A FELICIDADE )

Sobre as Qualidades de Orixas

Existe sem duvida no Brasil uma questão muito polêmica sobre as multiplicidades dos orisas chamada por todos de qualidade de orisa
Para melhor entendimento é que na África não há qualidade de orisa; ou seja, em cada região cultua-se um determinado orisa que é considerado ancestral dessa região e, alguns orisas por sua importância acaba sendo conhecido em vários lugares como é o caso de Sàngó, Orumila, etc.

É de se saber que Esu é cultuado em todo território africano, da forma que Osun da cidade de Osogbo é Osun Osogbo, da região de Iponda é a Osun de Iponda, Ogún da região de Ire é Ogún de Ire (Onire: chefe de ire), do estado de Ondo é Ogún de Ondo,etc. Na época do tráfico de escravos veio para o Brasil diversas etnias

Ijesas, Oyos, Ibos, Ketus,etc e cada qual trouxe seus costumes juntos com seus orisas digamos particulares, e após a mistura dessas tribos e troca de
informações entre eles cada sacerdote ou quem entendia de um determinado orisa trocaram fundamentos e a partir daí surgem todos esses aspectos, e essa quantidade de orisa presente aqui no Brasil, sendo que o orisa é o mesmo com origens diferenciadas.

É claro que por ter origens diferenciadas seus cultos possuem particularidades religiosas e até mesmo culturais por exemplo Oyá Petu tem seus fundamentos assim como Oyá Tope terá o seu, isso nada mais é, que uma passagem do mesmo orisa por diversos lugares e cada povo passou a cultuá-lo de acordo com seus próprios costumes. Um exemplo mais nítido é que aqui fazemos muitos pratos para Osun com feijão fradinho, entretanto num determinado país nãohá esse feijão portanto foi substituído por um grão semelhante e assim puderam continuar com o culto a Osun sem a preocupação de importar o feijão fradinho.
Outro exemplo de orisa transformado em qualidade no Brasil é Osun kare, Kare é uma louvação à Osun quando se diz: Kare o Osun! A palavra kare também é uma espécie de bairro na África, logo Osun cultuada em kare é Osun kare, e por vai surgindo desordenadamente essa quantidade de orisa aqui no Brasil. Imagine um rio que atravessa todo território Nigeriano e, em suas margens diversas etnias que num determinado local algumas pessoas diria que ali é a morada de Osun Ijimu (cidade de Ijumu na região dos Ijesa), mais para frente em Iponda diria aqui é a morada de Osun Iponda, mais para frente, em Ede esse rio terá o culto de Ologun Ede, o chefe de guerra de Ede segundo sua mitologia, e serão diversos orisas cultuados num mesmo rio por diversas etnias com pequenas particularidades. Isso acontece com todos orisas e suas mitologias fazem alusão a essas passagens e constantes peregrinação de seus sacerdotes quer por viajens comercias ou por guerras intertribais sempre espalharam seus orisas em outras regiões.

Outro fato interessante é títulos que algumas divindades possuem e foram transformadas em qualidades, por exemplo Ossosi akeran, akeran é um titulo de um determinado caçador (ancestral) com isso vamos na próxima edição analisar esses fatos e informar todas qualidades de orisa da nação keto que o sacerdote pode ou não mexer de acordo com o conhecimento de cada um, pois o nosso dever é informar sem a pretensão de nunca ser o dono da verdade Na próxima edição vamos diferenciar, títulos de nomes de cidades, nomes tirados de cânticos que as pessoas insistem em dizer que é qualidade de orisa.


Sobre a multiplicidade dos orisa.
Vamos separar a qualidade como é chamada no Brasil (em Cuba chama-se caminhos), dos títulos e de nomes tirados de cantigas como insistem pseudo sacerdotes. Já sabemos que os orisa são venerados com outros nomes em regiões diferentes como: Iroko (Yoruba), Loko (Gege), Sango (Oyo), Oranfe (Ife), isso torna o culto diferente. Temos também o segundo nome designando seu lugar de origem como Ogun Onire (Ire), Osun Kare (Kare),etc, também temos os orisa com outros nomes referentes as suas realizações como Ogun Mejeje refere-se as lutas contra as 7 cidades antes dele invadir Ire, Iya Ori a versão de Iyemanja como dona das cabeças, etc. Há portanto uma caracterização variada das principais divindades, ou seja, uma mesma divindade com vários nomes e, é isso que multiplica os orisas aqui no Brasil.


Vamos começar com Esu o primogênito orisa criado por Olorun de matéria do planeta segundo sua mitologia, ele possui a função de executor, observador, mensageiro, líder, etc. Alem dos nomes citados aqui que são epítetos e nomes de cidades onde há seu culto, ele será batizado com outros nomes no momento de seu assentamento, ritual especifico e odu do dia. Não será escrito na grafia Yoruba para melhor entendimento do leitor.


Oba Iangui : o primeiro, foi dividido em varias partes segundo seus mito.


Agba: o ancestral, epíteto referente a sua antiguidade.


Alaketu: cultuado na cidade de ketu onde foi o primeiro senhor de ketu.


Ikoto: faz referencia ao elemento ikoto que é usado nos assentos esse objeto lembra o movimento que esu faz quando se move do jeito de um furacão.


Odara: fase benéfica quando ele não está transitando caoticamente.


Oduso: quando faz a função de guardião do jogo de búzios.


Igbaketa: o terceiro elemento, faz alusão ao domínios do orita e ao sistema divinatório.


Akesan: quando exerce domínios sobre os comércios.


Jelu: nessa fase ele regula o crescimento dos seres diferenciados. Culto em Ijelu.


Ina: quando e invocado na cerimônia do ipade regulamentando o ritual.


Ona: referencia aos bons caminhos, a maioria dos terreiros o tem, seu fundamento reza que não pode ser comprado nem ganhado e sim achado por acaso.


Ojise: com essa invocação ele fará sua função de mensageiro.


Eleru: transportador dos carregos rituais onde possui total domínio.


Elegbo: possui as mesmas atribuições com caracterizações diferentes.


Ajonan: tinha seu culto forte na antiga região Ijesa.


Maleke: o mesmo citado acima.


Lodo: senhor dos rios, função delicada dado a conflitos de elementos


Loko: como ele é assexuado nessa fase tende ao masculino simbolizando virilidade e procriação.


Ogiri Oko: ligado aos caçadores e ao culto de Orumila-Ifa.


Enugbarijo: nessa forma esu passa a falar em nome de todos os orisas.


Agbo: o guardião do sistema divinatório de Orumila.


Eledu: estabelece seu poder sobre as cinzas, carvão e tudo que foi petrificado.


Olobe: domina a faca e objetos de corte é comum assenta-lo para pessoas que possuem posto de Asogun.


Woro: vem da cidade do mesmo nome.


Marabo: aspecto de esu onde cumpre o papel de protetor Ma=verdadeiramente, Ra=envolver, bo=guardião. Também chamado de Barabo= esu da proteção, não confundi-lo com seu marabo da religião Umbandista.


Soroke: apenas um apelido, pois a palavra significa em português aquele que fala mais alto, portanto qualquer orisa pode ser soroke.



Ogún, Òsòósí e Ode lembrando que nem todos caçadores tomaram o titulo de Òsòósí e, na África, Òsòósí em certas regiões é feminino tomando o aspecto masculino no antigo reino de Ketu. Ode que dizer caçador, porém, nem todos Ode's são Òsòósí; Ijibu Ode, Ikija, Agbeokuta, são alguns lugares onde houve seu culto, pois seu culto, expandiu-se mesmo aqui no Brasil onde ele é lembrado como rei de Ketu, Ogún em outro aspecto foi chefe dos caçadores (Olode) entregando essa função mais tarde para seu irmão caçula Òsòósí para partir em buscas de suas inúmeras batalhas.

Já em certas mitologias o caçador passa a ser sua esposa Òsòósí L`Obirin Ogun, ou seja, Òsòósí é a esposa de Ogún, segundo o verso desse mito.
Isso afirma o chamado enredo de santo aqui no Brasil quando se diz que para assentar Òsòósí temos que assentar Ogún e vice versa. Era costume africano quando os caçadores tinham que partir em busca de suas presas, louvarem Ogún para que tudo desse certo, de òrìsà secundário na África Òsòósí, passou a uma condição importantíssima no Brasil sendo òrìsà patrono da nação Keto, senhor absoluto da cerimônia fúnebre do asesé, alguns cânticos fazem alusão a essa condição: Ode lo bi wa, ou seja, o caçador nos trouxe ao mundo. Eis alguns nomes de Ogún/Òsòósí/Ode conhecidos, sobretudo no Brasil e seus aspectos, características, origem e particularidades:


Ogún Olode: epíteto do òrìsà destacando sua condição de chefe dos caçadores.


Ogún Je Ajá ou Ogúnjá como ficou conhecido: um de seus nomes em razão de sua preferência em receber cães como oferendas, um de seus mitos o liga a Osagìyán e Ìyémojá quanto a sua origem e como ele ajudou Osalá em seu reino fazendo ambos um trato.


Ogún Meje: aspecto do òrìsà lembrando sua realização em conquistar a sétima aldeia que se chamava Ire (Meje Ire) deixando em seu lugar seu filho Adahunsi.


Ogun Waris: nessa condição o òrìsà se apresenta muitas vezes com forças destrutivas e violentas. Segundo os antigos a louvação patakori não lhe cabe, ao invés de agradá-lo ele se aborrece. Um de seus mitos narram que ele ficou momentaneamente cego.


Ogún Onire: Quando passou a reinar em Ire, Oni = senhor, Ire = aldeia.


Ogún Masa: Um dos nomes bastante comum do òrìsà, segundo os antigos é um aspecto benéfico do òrìsà quando assim ele se apresenta.


Ogun Soroke: apenas um apelido que Ogún ganhou devido a sua condição extrovertida, soro = falar, ke= mais alto. Nossa historia registra o porque o
chamam assim.


Ogún Alagbede: nesse aspecto o òrìsà assume o papel de pai do caçador e esposo de Ìyémojá Ogunte (uma outra versão de Ìyémojá) segundo um de seus inúmeros mitos.


Há vários nomes de Ogún fazendo alusão a cidade onde houve seu culto como Ogún Ondo da cidade de Ondo, Ekiti onde também há seu culto, etc. O òrìsà possui vários nomes na África como no Brasil e com isso ganha suas particularidades e costumes.



Ode/Ososi.


Há uma síntese sobre esse orisa na edição anterior, eis então suas várias formas de se apresentar:


Ososi akeran = um titulo do orisa;


Ososi Nikati = um de seus nomes;


Ososi Golomi = um de seus nomes;


Ososi Fomi = um de seus nomes;


Ososi Ibo = um de seus mitos o liga a Ossaniyn;


Ososi Onipapo = um dos antigos, tem culto a mais de um século no país;


Ososi Orisambo = possui seu assentamento diferente dos demais;


Ososi Esewi/Esewe = seu mito o liga a Ossaniyn e as vezes a Osala segundo os "antigos";


Osossi Arole = uns de seus epítetos;


Ososi Obaunlu = segundo registro há um assentamento deste orisa aqui no Brasil desde 1616 no ase de D.


Olga de alaketu, é considerado o patrono de ketu;


Ososi Beno = um dos mais antigos, detalhe tem assento aqui em São Paulo, cidade considerada emergente para tradições do candomblé Keto, com poucas casas antigas.


Ososi DanaDana = aquele que ateou fogo ou roubou, um epíteto dos mais perigosos dado ao caçador.


Ode Wawa = epíteto do caçador;não se tem notícia do seu culto no Brasil;


Ode Wale = epíteto do caçador, não se tem notícia de seu culto no Brasil;


Ode Oregbeule = é um Irunmale, portanto acima do orisa foi um dos companheiros de Odudua em sua chegada na terra segundo sua mitologia;


Ode Otin = outro caçador confundido com Ossosi, sua lenda o identifica ora como uma caçadora ora como um caçador, contudo sua ligação com Ossosi é fato, Otin se apresenta sempre junto com ele a ponto de confundi-los;


Ode Karo = um do caçadores que também mora as margens de um rio é irmão de Igidinile.


Ode Ologunede = o chefe de guerra de Ede, titulo ganhado quando seu pai o entregou aos cuidados de Ogún;


Olo = senhor, gun = guerra, Ede = um lugar na áfrica.É filho de um outro caçador chamado Erinle tendo como mãe Osún Iponda. O posto de asogun, a priori, surge desse mito que o liga a Ogún companheiro de seu pai.


Possui outros nomes como Omo Alade, ou seja, o príncipe coroado. Não há qualidades de Logun como acreditam alguns tais como locibain, aro aro, etc., são apenas nomes tirados de cânticos, aliás aro quer dizer tanta coisa menos nome de orisa. O nome Ibain é de um outro caçador homenageado nos cânticos de Ologun, esse caçador inclusive é o verdadeiro proprietário dos chifres tão importantes no culto. Oba L`Oge é um outro nome para esse orisa. É da região de Ijesa;


Ode Erinle = outro caçador confundido com Osossi no Brasil. Seu assento é completamente diferente dos demais, pois Erinle ou Inle é um orisa do rio do mesmo nome, o rio Erinle que corta a região de Ilobu na Nigéria. Encontra-se seus mitos no odu Okaran-Ogbe e Odi-Obara. Sua esposa é Abatan pois é considerado médico e ela enfermeira, seu culto antecede o de Ossayn, o pássaro os representam. Ibojuto é a sua própria reencarnação representado pelo bastão que vai em seu assentamento e tem a mesma importância do Ofa de Ossosi.Tem uma filha chamada Aguta que às vezes se apresenta como irmã ou como filha sendo sua mãe Ainan. Ode Otin se apresenta como sua filha, às vezes e ai é representado por uma enguia. Ainda temos Boiko como seu guardião, Asão seu amigo e Jobis seu ajudante. No Brasil o ligam a Osún e a Iyemanja pois segundo sua lenda é pela boca dela que ele fala, Erinle é um orisa andrógino e considerado o mais belo dos caçadores;


Ode Ibualama = uma outra versão para Erinle quando ele se apresenta mais ao fundo do rio, há um templo com esse nome na África fazendo alusão ao seu fundador. Aliás há vários templos mas todos são de um orisa só: Erinle nessa situação o caçador traça um outro caminho e pactua seus mitos com Omolu, Osumare, Nana,etc. A montagem de seu Igba (cuia) também difere de um simples alguidar com um ofa para cima como é comum as pessoas não esclarecidas assim fazer.



Ossaniyn, Omolu, Oluaye, Osumare, Nanan e Iroko.


Ossaniyn = Também chamado Baba Ewe, Asiba, que são epítetos do orisa. Possui seu próprio sistema divinatório; o orisa exerce suas funções interligadas a Esu composto ao mesmo tempo em que ele. Kosi ewe, kosi orisa: Sem folhas, sem orisa.


Osumare = Chamado Araka seu epíteto. É o orisa do arco-íris e da transformação, não deve ser confundido com o vodun Becem que se apresenta como Dangbe, Bafun, Danwedo todos da família Danbira e cultuados em outra nação.


Omolu / Obaluaye = É como se apresenta o orisa sapata transmutando-se para formas conhecidas tais como: Agoro, Telu, Azaoni, Jagun, Possun, Arawe, Ajunsun, Afoman, etc, cada qual com suas particularidades.


Nanan = apresenta-se nas formas conhecidas como: Iyabahin, Salare, Buruku, Asainan, sem culto no Brasil. É sempre bom lembrar que muitos nomes são de lugares onde se cultua o orisa. Por exemplo: Ajunsun é o Rei de Savalu, assim como Dangbe é o Rei do Gege, portanto são nomes que dão origem as suas formas. :


Iroko = orisa da gameleira (no Brasil), controla a hemorragia humana.



Iyabas são os orisá feminino.


Oba = orisa guerreira é única em seu aspecto.


Iyewá = orisa guerreira única em seu aspecto.


Osún Opara = a orisa se apresenta jovem e guerreira.


Osún Iponda = jovem e guerreira, da cidade de Iponda.


Osún Ajagura = jovem e guerreira, nação nagô - Oyo, Pernambuco.


Osún Aboto = aspecto maduro da orisa.


Osún Ijimun = aspecto idosa e dada as feitiçarias, ligação com Iami Eleye.


Osún Iberin = aspecto maduro da orisa, nessa forma não desce nas cabeças.


Osún Ipetu = aspecto maduro da orisa.


Osún Ikole = seu mito a liga a Iemanjá e Ode Erinle, transformou-se numa ave.


Osún Popolokun = Conta os antigos que não vem mais, será?.


Osún Osogbo = ela deu oringem ao nome da cidade de Osogbo.


Osún Ioke = Se apresenta como caçadora.


Osún Kare = Um de seus títulos, Kare tem seu próprio nome que poucos conhecem.


Iyeyeo Ominibu = epíteto da Osún.


Iyemoja Ogunte = orisa se apresenta jovem e guerreira.


Iyemoja Iyasesu = assume a maternidade de Sàngó é ranzinza e respeitável.


Iyemoja Saba = uma das formas da mãe.


Iyemoja Maleleo = não se obteve noticias desse aspecto no Brasil.


Iyemoja konla = seu mito conta que ela afoga os pescadores.


Iyemoja Ataramaba = Nessa forma ela está no colo de sua mãe olokun.


Iyemoja Ogunde = aspecto da orisa cultuado no Nagô em Pernambuco.


Iyemoja Iyá Ori = nessa forma ela assume todas as cabeças mortais.


Iyamase = forma de quando ela é definitivamente mãe de Sàngó.


Iyemoja Araseyn = fuxico com Ossayn.


Oyá Leseyen = uma das Igbales que mora no próprio Lesseyen.


Oyá Egunita = orisa Igbale.


Oyá Foman = orisa Igbale.


Oyá Ate Oju = orisa Igbale aspecto dificil de Oyá quando caminha com Nana.


Oyá Tope = uma de suas formas.


Oyá Mesan = um de seus epítetos.


Oyá Onira = rainha da cidade de Ira.


Oyá Logunere = uma de suas formas.


Oyá Agangbele = esse caminho mostra a dificuldade quando a geração de filhos.


Oyá petu = nesse aspecto ela convive com Sàngó.


Oyá Arira = uma de suas formas.


Oyá Ogaraju = uma das mais antigas no Brasil.


Oyá Doluo = eró ossayn; culto Nagô.


Oyá Kodun = eró com Osaguian.


Oyá Bamila = eró Olufon.


Oyá Kedimolu = eró Osumare = Omolu.


Texto Adaptado por Ifatolá

PEMBELE O MBUTU NGOLA.SALVE A NAÇÃO DE ANGOLA.)

PEMBELE O MBUTU NGOLA. (SALVE A NAÇÃO DE ANGOLA.)

MUSSUILU KIKALE NGANA NZAMBI MUAMBI(LOUVADO SEJA O SENHOR CRIADOR)

PEMBELE O NDANJI UA TUMBA JUNÇARA (SALVE A RAIZ DO TUMBA JUNÇARA)
PEMBELE O NDANJI UA TOMBENCI (SALVE A RAIZ DO TOMBENCI)
PEMBELE O NDANJI UA BATE FOLHA (SALVE A RAIZ DO BATE FOLHA)
PEMBELE O NDANJI UA GOMEIA (SALVE A RAIZ DA GOMEIA)
PEMBELE O NDANJI UA AMBURAXÓ (SALVE A RAIZ DO AMBURAXÓ)
PEMBELE O NDANJI UA MUXICONGO (SALVE A RAIZ DO MUXICONGO)

NZAMBI MUAMBI BEKÁ KUSANGAMA NI KUTULUKA KUA MUXIMA KOSO MAPANGE
(Que Deus Criador traga felicidade e paz ao coração de todos os irmãos)

Caminho das Águas

Você que faz parte do Caminho das Águas, receba este vídeo e saiba que é muito bom caminharmos juntos!

Angola Tumba Junçara






O Tumba Junçara foi fundado em 1919 em Acupe, na Rua Campo Grande, Santo Amaro da Purificação, Bahia, por dois irmãos de esteira cujos nomes eram: Manoel Rodrigues do Nascimento (dijina: Kambambe) e Manoel Ciriaco de Jesus (dijina: Ludyamungongo), ambos iniciados em 13 de junho de 1910 por Maria Genoveva do Bonfim, mais conhecida como Maria Nenem (Mam'etu Tuenda UnZambi, sua dijina), que era Mam'etu Riá N'Kisi do Terreiro Tumbensi, casa de Angola mais antiga da Bahia. Kambambe e Ludyamungongo tiveram Sinhá Badá como mãe-pequena e Tio Joaquim como pai-pequeno.
O Tumba Junçara foi transferido para Pitanga, no mesmo município, e depois para o Beiru. Após algum tempo, foi novamente transferido, para a Ladeira do Pepino nº 70, e finalmente para Ladeira da Vila América, nº 2, Travessa nº 30, Avenida Vasco da Gama (que hoje se chama Vila Colombina) nº 30 - Vasco da Gama, Salvador, Bahia.
Na época da fundação, os dois irmãos de esteira receberam de Sinhá Maria Nenem os cargos de Tata Kimbanda Kambambe e Tata Ludyamungongo. Manoel Ciriaco de Jesus fez muitas lideranças de várias casas, como Emiliana do Terreiro do Bogum, Mãe Menininha do Gantois, Ilê Babá Agboulá (Amoreiras), onde obteve cargos. Tata Nlundi ia Mungongo teve como seu primeiro filho de santo (rianga) Ricardino, cuja dijina era Angorense.
No primeiro barco (recolhimento) de Tata Nlundi ia Mungongo, foram iniciados 06 azenza (plural de muzenza). Em sendo o seu primeiro barco, ele chamou o pessoal do Bogum para ajudar. Os 03 primeiros azenza do barco foram iniciados segundo os fundamentos do Bogun: Angorense (Mukisi Hongolo), Nanansi (Mukisi Nzumba) e Jijau (Mukisi Kavungu), os 03 outros azenza foram iniciados segundo os fundamentos do Tumba Junçara.
No Rio de Janeiro, fundou, com o Sr. Deoclecio (dijina: Luemim), uma casa de culto em Vilar dos Teles (não se sabe a data da fundação nem a relação de pessoas iniciadas). Dentre as pessoas iniciadas, ainda existe, na Rua do Carmo, 34, Vilar dos Teles, uma delas, Tata Talagy, filho de Sr. Deoclecio .
Com a morte de Manoel Rodrigues do Nascimento (Kambambe), que assumira sozinho a direção do Tumba Junçara, Manoel Ciriaco de Jesus (Ludyamungongo) assumiu a direção até sua morte, a qual ocorreu em 4 de dezembro de 1965.
Com a morte de Manoel Ciriaco de Jesus (Ludyamungongo), assumiu a direção do Tumba Junçara a Sra. Maria José de Jesus (Deré Lubidí), que foi responsável pelo ritual denominado Ntambi de Ciriaco, juntamente com o sr. Narciso Oliveira (Tata Senzala) e o sr. Nilton Marofá.
Deré Lubidí era Mam'etu Riá N'Kisi do Ntumbensara, hoje situado à Rua Alto do Genipapeiro - Plataforma, Salvador, Bahia, e de responsabilidade do sr. Antonio Messias (Kajaungongo).
Em 13 de dezembro de 1965, após o ritual de Ntambi, Maria José de Jesus (Deré Lubidí) passa a direção do Ntumbensara para Benedito Duarte (Tata Nzambangô) e Gregório da Cruz (Tata Lemboracimbe), e em ato secreto é empossada Mam'etu Riá N'Kisi do Tumba Junçara.
Maria José de Jesus (Deré Lubidí), em 1924 recebeu o cargo de Kota Kamukenge do Tumba Junçara, e em 1932, o cargo de Mam'etu Riá N'Kisi. Em 1953 fundou o Ntumbensara, na Rua José Pititinga nº 10 - Cosme de Farias, Salvador, Bahia, que em 18 de outubro de 1964 foi transferido para o Alto do Genipapeiro.
Com o falecimento de Deré Lubidí, assumiu a direção do Tumba Junçara a Sra. Iraildes Maria da Cunha (Mesoeji), nascida aos 26 de junho de 1953 e iniciada em 15 de novembro de 1953, permanecendo no cargo até o presente momento.
Esta é uma síntese do histórico do Tumba Junçara, com agradecimento especial a Esmeraldo Emeterio de Santana Filho, "Tata Zingue Lunbondo", pelo referente histórico, e também a "Tata Quandiamdembu", Esmeraldo Emetério de Santana, o Sr. Benzinho, pois sem sua colaboração não poderíamos ter chegado a tais fatos.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Ensina seus filhos a respeitarem o chão onde pisam e teu nome não será desrespeitado.

ANGOLA

• Nkisi (cujo plural é Mikisi ) é a palavra em kimbundu que significa “ Energia Divina ” e que define o que chamamos de “ Santo ”.
• Os ancestrais de nossa Casa nos transmitiram, dentro de nossa filosofia na cosmogenese, que Angomi , ao manifestar-se tornando-se Nzambi Ampungu ( Deus Universal ), gerou duas polaridades energéticas que, ao se encontraram transformaram-se em treze Energias e essas Energias criaram o Universo e tudo que nele existe. Portanto temos aí o primeiro princípio de nossa filosofia: “ Tudo o que existe é formado de uma mesma Energia: A Energia Divina ”.
• Cada Nkisi se manifesta no Plano Físico como um elemento da natureza, um som, uma (ou mais) cor, um (ou mais) mineral, uma formação natural definida, etc.
Pambujila jila vua, kiambote!Pambujila venha pelos caminhos mais curtos e faça o bem!

Mpambu em kikongo significa: Encruzilhada.
Njila em kikongo significa: Caminho.
Pambujila, que pode ser traduzido como “Aquele que conhece o caminho mais curto”, são os mensageiros que transitam entre o natural e o sobrenatural, trazendo aos homens os desígnios dos Mikisi e levando a Eles as suplicas e as oferendas dos homens. Receberam por este trabalho o título de Aluvaiá (mensageiro). São sempre e em qualquer ocasião os primeiros a serem chamados, a receberem oferendas, etc. São os nossos Guardiões (Nlundi), que abrem e fecham as “porteiras” de nossa aura, permitindo ou não a penetração das energias com as quais lidamos e convivemos durante toda a nossa vida. Se nosso contato com Eles for fraco, menos força Eles têm para nos defender. A cada vez que levamos nosso pensamento a Eles, acendemos uma vela oferecendo-a a Eles, uma garrafa de cachaça entregue na encruzilhada, uma rosa vermelha, seja o que for, estamos nos ligando a Eles e, portanto, fortalecendo nossa ligação. Ao acordarmos devemos agradecer a Nzambi Ampungu pela noite e pela nova oportunidade de mais um dia e saudarmos o nosso Guardião solicitando que possamos contar com Ele por mais um dia.
Muitos querem igualar os Pambujila ao diabo, por total ignorância, colocando Neles chifres e rabos. Diabo vem da palavra diavolo que significa “o mentiroso” e a palavra demônio é formada por demos, que significa povo (democracia, demonstração, etc.) e ions, que significa ligação; portanto podemos afirmar que Pambujila é um demônio e que o diabo nem demônio é. Em kikongo a palavra que os padres que montaram o dicionário de português-kikongo e kikongo-português, encontraram para diabo foi “temba” que, ao pé da letra, significa “o mal dentro de nós”, pois nossos Ancestrais, assim como nós, não acreditamos em um ser extracorpóreo que nos force ou nos conduza a praticar o mal contra a nossa vontade. O mal e o bem residem dentro de nós mesmos.
A palavra tentação vem de tester (grego) que significa teste ou prova. Quando caímos em tentação, na realidade estamos enfrentando um teste ou uma prova, que só nossa consciência, pelo livre arbítrio, poderá suplantar ou não, deixando-nos, sempre, responsáveis pela conseqüência de nossos atos, pensamentos e palavras.
As cores reservadas a eles são a preta e a vermelha juntas. Embora respondam a qualquer hora, dia e lugar, nós Lhes reservamos as segundas-feiras.
Oyê Kamba riami! Oyê! Olá amigo supremo! Olá!
• Mavalutango – Senhor dos Caminhos e das Encruzilhadas, Comandante dos Pambujila , o Santo Guerreiro.
Saudado juntamente com Nkosi , Mavalutango é o Senhor da guerra, da luta e da defesa.
Sua cor é a vermelha forte, seu dia segunda-feira e é festejado no dia 13 de junho juntamente com Pambujila e no sincretismo foi representado por Santo Antônio. Sua oferenda preferida é o inhame batido com azeite de dendê ou o porco espinho (feito de cará com varetas das folhas da palmeira do dendê) e gosta de cachaça e cerveja branca.
Nkosi kamba riami enu pokó imóxi! Oyê Tatetu!Nkosi, nosso amigo supremo, único Senhor da faca! Olá nosso Pai!
• Senhor da Vontade, o Vencedor de Demandas, o Ferreiro...
A sua energia é a primeira, pois se Deus não tivesse, inicialmente, vontade, nada existiria. Para tudo o que fazemos, necessitamos, em primeiro lugar, de termos vontade de fazer.
É cultuado como o Vencedor de Demandas, pois somente com a força de vontade conseguimos vencer os desafios e problemas que surgem em nossas vidas.
A vontade é que nos dá a capacidade de transmudar um minério de ferro em um instrumento útil, por isso é aclamado como o Santo Ferreiro .
O dia consagrado a este Nkisi é terça-feira. Sua cor é o azulão. Quando fazemos, fora de nossa Casa, oferendas a Ele, devemos fazer na beira de uma estrada bem movimentada, sempre acompanhada de cerveja branca (beja – em kimbundo) e sua comida predileta é a feijoada feita com feijão cavalo ou vermelho.
Como sua energia é a primeira, é sempre Tatetu Nkosi quem sai na frente, é o primeiro a ser louvado em nossa roda e o ano litúrgico começa em 23 de abril, dia de São Jorge, santo católico usado por nossos Ancestrais dentro do sincretismo para representar nosso Pai.
Ê ê Kaitumba Kumaza! Kumaza ê Mametu! Ó minha Mãezinha me limpa! Limpa-nos nossa Mãe!

• É a Senhora da Continuidade. Das águas salgadas do mar, grande Senhora dos mistérios e da riqueza.
O mar é sua morada, pois o que une todos os continentes, dando continuidade ao mundo, é o mar. A maior parte do oxigênio que necessitamos para continuidade da vida na terra, vem dos planctum, vegetais do mar.
Seu dia é Sábado, Suas cores são a branca cristal e a azul clara. É Mãe dos peixes e guardiã dos mistérios e tesouros do mar.
A água do mar é a principal arma que conhecemos para limpezas astrais em nossos corpos e nos ambientes. O sincretismo escolheu Nossa Senhora da Glória no Rio de Janeiro e Nossa Senhora das Candeias na Bahia, a festejamos em 15 de agosto.
Nganga mukongo bantu banxi, enda, enda Nkongobila! Enda, enda Tatetu!Santo Senhor do Kongo e de todo povo banto, segue, segue Nkongobila! Segue, Segue nosso Pai!

• Senhor da Manutenção da Vida. Santo Caçador.
Para os nossos ancestrais a comida principal que mantinha as aldeias provinha da caça, por isso Ele é cultuado como Nkongo (caçador), porém, a agricultura, a pesca e o pastoreio também são regidos por nosso poderoso Pai.
Sua cor é a azul clara, seu dia é quinta-feira, sua festa é no dia de São Sebastião, representando-o no sincretismo, em 20 de janeiro.
Nkisi Moxí Kigua! Kigua Lembá! Santo Interior Salve! Salve Lembá!

• O Senhor da Criação.
Tatetu Lembá é o responsável pela emissão da centelha que vai, através dos Mikisi, gerar o “eu” verdadeiro de toda a criação. É o Senhor da Paz e do Branco.
Seu dia é sexta-feira, quando todos os filhos de Santo devem se vestir de branco (ou uma peça branca e as demais claras), sua cor é a branca, logicamente, e sua oferenda principal é a canjica (mungunzá). É chamado de Lembaranganga , aglutinação de: Lembá ria nganga – o Santo dos Santos. Por isso o sincretismo escolheu Jesus para representá-lo. Sua festa é no Natal, 25 de dezembro.
Um dos principais rituais da tradição Kakongo são as águas de Lembá, que limpa e prepara a Casa e os filhos para o encerramento do ano (25 de janeiro, aproximadamente) que é preparado com os Lamentos de Tatetu Lembá (ngoloxí) que duram 16 dias antes das águas.
Kigua Kisimbiê senza ia menha! Ia menha Mametu!Salve a beleza da Sua água! Da Sua água Mãe!

• A água distribui fecundidade à terra sem descriminar se é areia, barro, pântano, fértil, etc., é a maior representação do amor pois se dá sem termos ou condições. É a Senhora do Amor.
Seu manto deve cobrir a todos os filhos da terra, pois somos todos irmãos feitos do mesmo barro e da mesma energia.
Sua cor é a dourada, pois a verdadeira riqueza, o ouro espiritual, é o amor.
Rege todas as crianças do nascimento até a conclusão da formação de seu crânio (6 ou 7 anos), seu dia é Sábado e sua festa é no dia da Nossa Senhora da Conceição em 08 de dezembro, usada pelos nossos ancestrais no sincretismo.
Hongolô kubenha bulu bulu! Bulu, bulu Hongolô! Brilha no céu arco-íris! Brilha no céu!

• É o Senhor das Cores e das Formas. É Tatetu e é Mametu .
Representado pela forma mais sutil existente, que vemos e não podemos tocar, o arco-íris e pela mais densa que é a da serpente que rasteja no chão.
Possui as duas polaridades energéticas, a negativa (feminina) e a positiva (masculina), pois sem as duas polaridades nada se forma ou se cria.
Seu dia é segunda-feira, o sincretismo apontou São Bartolomeu para representá-lo, suas cores são as sete cores do arco-íris, e sua festa é no dia 24 de agosto.

Kiankulo Mazomba ê Mazomba ê Zumbá! Senhora Mais Velha Salve! Salve Zumbá!
• É a mais velha de todas as mães. É o próprio barro da criação. É a Senhora da Transformação. Uma das mais antigas Divindades do Mundo, cultuada em toda a história da humanidade como a Senhora Terra.
Adão, do hebraico “Adamah”, significa “feito de barro”. No livro Gênesis da bíblia, no antigo testamento, e em todos os livros sagrados de todas as religiões, afirmam o mesmo principio, o que variou foi a interpretação de cada povo e nossos Ancestrais afirmam que a criação foi feita de terra e água, portanto, de barro.
É a mais complexa de todas as Energias, dentro de nossa vã filosofia, é a vida e é a morte, é a transformação presente desde a fecundação do óvulo ou da semente até a deterioração de nossos corpos físicos, o nascimento da flor e da fruta, o apodrecimento da fruta e a fecundação da nova semente e assim consecutivamente do princípio ao fim.
É a terra que devemos ensinar aos nossos filhos a respeitar, pois está coberta das cinzas de nossos ancestrais. Que nos dá o sustento através de seus frutos e da água que dela nasce; nos sustenta, pois é a grande nave com a qual navegamos no espaço e que nos receberá em seu ventre quando de nossa maior transformação: “a morte”.
Suas cores vão da violeta à roxa. Sua festa é, dentro do sincretismo, no dia de Sant'Ana, em 26 de julho, pois é a Santa que representa a mãe da mãe, a mais velha.
Seu dia é segunda-feira, carrega um feixe de trigo ou de palitos de dendezeiro representando as almas, que a Grande Mãe leva após deixar o corpo físico ou traz para uma nova encarnação.
Nganga Mona ká Kigua! Kigua Nvunji! Santos filhos gêmeos salve! Salve Nvunji!

• É a Energia Divina responsável por tudo que nasce e cresce.
É uma energia bipolar, isto é, possui polaridades positiva e negativa, por isso é representada por um casal. É o Senhor da Harmonia, da Felicidade e do Equilíbrio, portanto, da Cura, pois a doença, na maioria dos casos, é causada por desequilíbrios energéticos.
Na tradição de nossos ancestrais os gêmeos são filhos de Tatetu Nvunji . Seu dia é Domingo, sua cor a azul e a rosa juntos (representando masculino e feminino juntos), seu local de ressonância específico é um jardim em flor, uma planta nova ou uma nascente d'água.
Muitos confundem Tatetu Nvunji com Crianças (Kindende) ou Erê, pois a energia da harmonia que rege a alegria está presente, sem dúvida alguma, nas crianças. As Kindende são seres que cumprem uma missão espiritual de auxilio e aconselhamento, foram seres vivos e hoje são Yombe, e o Tatetu Nvunji é um dos treze Mikisi gerados por Nzambi Ampungu.
Apreciam mel e frutas de todos os tipos (com sementes) e sua oferenda principal é o karuru. Sua festa é no dia 27 de setembro junto a das Crianças.
Kuzamba Nkisi imóxi! Nzazi!Única Energia da Justiça! Nzazi!
• Tatetu Kambaranguanje, “O Senhor da Justiça Divina”, portanto o destino (ou Karma), é a manifestação da Justiça de Deus, julga e confere nossos atos durante cada encarnação.
Implacável, como a justiça deve ser, não aceita e não acata erros. Por isso é o “Senhor das Cabeças”. Sua manifestação no mundo físico é nas pedreiras e rochas, pois a Justiça é dura e firme como as pedras o são. Sua arma o “Luazí” (machado) é representado com duas lâminas idênticas informando que corta para todos os lados igualmente.
Em nossa Casa o cultuamos na forma de “Tatetu Loango”, o Senhor do Fogo e o festejamos durante o plenilúnio de inverno nos “Fogos de Loango”.
Seu dia é quarta-feira, suas cores a vermelha e a branca juntas, no sincretismo foi representado por São Jerônimo e é festejado em 30 de setembro. Sua oferenda preferida é o Amalá que deve ser feita em noite de lua cheia e iluminada por, pelo menos, 12 velas.
Okuloloki! Ó misericordioso!

• É o Agente da Transformação, o grande Senhor da Doença e, portanto da Cura.
É, respeitosamente, tratado de “Meu Velho” e, quando se pede alguma coisa a Ele, devemos implorar com humildade.
Seu dia é segunda-feira. Suas oferendas são entregues, quando fora de nossa Casa, na porta de um cemitério. No sincretismo nossos Ancestrais escolherem São Lázaro e São Roque. O festejamos no dia 16 de agosto.


Enoulo Matamba Kigua! Kigua Matamba! Venta Matamba Salve! Salve Matamba!

• Senhora da Evolução, Rainha dos Raios, Dona da Ventania, Senhora do Tempo.
Matamba representa a luta da evolução tanto física quanto espiritualmente falando, por isso é a Santa Guerreira. É a força dos ventos da vida nos encaminhando pelo caminho do crescimento material e espiritual, nos defendendo dos raios destruidores que nos desnorteiam desviando-nos do caminho. Governa as tempestades e os dias de sol que vivemos em nosso caminho interior (Nkenda).
Seu dia é quarta-feira, sua cor é a coral ou vermelha com ou sem a branca dependendo da energia da coroa do filho. O sincretismo escolheu Santa Bárbara para representá-la e a festejamos no dia 04 de dezembro.

Okê, Oká Katendê! Okê, Oká Kimsaba! Macera, macera Katendê! Macera Senhor das Ervas!

• Senhor das Ervas, da sabedoria e da cura medicamentosa (ervas).
As ervas são parte fundamental em todos os trabalhos realizados em nossa religião. Remédios naturais reúnem há um só tempo energias da terra, do sol, da lua e delas próprias nos auxiliando nas curas, limpezas, sacudimentos, oferendas, preceitos, etc. Sem a energia de nosso Pai Katendê , nunca poderíamos utilizar esse poder criado especialmente para uso da criação.
Sua cor é a mesma que vemos ao olhar para suas matas, a verde e a amarela (ou branca cristal) juntas. Seu dia é quinta-feira, sua festa é no dia 12 de janeiro, excepcionalmente no dia de São Benedito, pois o Santo Expedito foi o escolhido para representá-lo no sincretismo.

Zará, Zará, Kitembu! Zará Tatetu! Passa, passa Kitembu! Passa nosso Pai!

• É o tempo cronológico. Para nós seres vivos o Nkisi principal, a quem rogamos sempre que nos conceda tempo para cumprir nossa missão.
Seu dia é o Domingo, sua cor é o cinza, que representa a velhice, a antigüidade. Sua arma é uma escada representando os degraus da evolução, o sincretismo escolheu São Lourenço para representá-lo, pois este santo católico traz nas mãos uma grelha que se assemelha a uma escada.
A gameleira branca (Loko) é Sua morada e Sua árvore sagrada. Sua festa é em 10 de agosto.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Maria, a Rainha dos Humildes

Sua lenda diz que Maria Mulambo nasceu em berço de ouro, cercada de luxo. Seus pais não eram reis, mas faziam parte da
corte no pequeno reinado. Maria cresceu sempre bonita e delicada. Com seus trejeitos, sempre foi chamada de princesinha, mas não
o era. Aos 15 anos, foi pedida em casamento pelo rei, para casar-se com seu filho de 40 anos.

Foi um casamento sem amor, apenas para que as famílias se unissem e a fortuna aumentasse. Os anos se passavam e
Maria não engravidava. O reino precisava de um outro sucessor ao trono. Maria amargava a dor, além de manter um casamento sem
amor, ser chamada de árvore que não dá frutos; e nesta época, toda mulher que não tinha filhos era tida como amaldiçoada.

Paralelamente a isso tudo, a nossa Maria era uma mulher que praticava a caridade, indo ela mesma aos povoados pobres do
reino, ajudar aos doentes e necessitados. Nessas suas idas aos locais mais pobres, conheceu um jovem, apenas dois anos mais
velho que ela, que havia ficado viúvo e tinha três filhos pequenos, dos quais cuidava como todo amor. Foi amor à primeira vista, de
ambas as partes, só que nenhum dos dois tinha coragem de aceitar esse amor. O rei morreu, o príncipe foi coroado e Maria declarada
rainha daquele pequeno país.

O povo adorava Maria, mas alguns a viam com olhar de inveja e criticavam Maria por não poder engravidar. No dia da coroação
os pobres súditos não tinham o que oferecer a Maria, que era tão bondosa com eles. Então fizeram um tapete de flores para que
Maria passasse por cima. A nossa Maria se emocionou; seu marido, o rei, morreu de inveja e ao chegar ao castelo trancou Maria no
quarto e deu-lhe a primeira das inúmeras surras que ele lhe aplicaria. Bastava ele beber um pouquinho e Maria sofria com suas
agressões verbais, tapas, socos e pontapés. Mesmo machucada, nossa Maria não parou de ir aos povoados pobres praticar a caridade.
Num destes dias, o amado de Maria, ao vê-la com tantas marcas, resolveu declarar seu amor e propôs que fugissem, para viverem
realmente seu grande amor. Combinaram tudo. Os pais do rapaz tomariam conta de seus filhos até que a situação se acalmasse e ele
pudesse reconstruir a família. Maria fugiu com seu amor apenas com a roupa do corpo, deixando ouro e jóias para trás.

O rei no princípio mandou procurá-la, mas, como não a encontrou, desistiu. Maria agora não se vestia com luxo e riquezas,
agora vestia roupas humildes que, de tão surradas, pareciam mulambos; só que ela era feliz. E engravidou. A notícia correu todo o
país e chegou aos ouvidos do rei. O rei se desesperou em saber que ele é que era uma árvore que não dá frutos. A loucura tomou
conta dele ao saber que era estéril e, como rei, ele achava que isso não podia acontecer. Ele tinha que limpar seu nome e sua honra.
Mandou seus guardas prenderem Maria, que de rainha passou a ser chamada de Maria Mulambo, não como deboche mas, sim, pelo
fato de ela agora pertencer ao povo. Ordenou aos guardas que amarrassem duas pedras aos pés de Maria e que a jogassem na parte
mais funda do rio. O povo não soube, somente os guardas; só que 7 dias após esse crime, às margens do rio, no local onde Maria foi
morta, começaram a nascer flores que nunca ali haviam nascido. os peixes do rio somente eram pescados naquele local, onde só
faltavam pular fora d'água. Seu amado desconfiou e mergulhou no rio, procurando o corpo de Maria; e o encontrou.

Mesmo depois de estar tantos dias mergulhado na água, o corpo estava intacto; parecia que ia voltar à vida. os mulambos com
que Maria foi jogada ao rio sumiram. Sua roupa era de rainha. Jóias cobriam seu corpo. Velaram seu corpo inerte e, como era de
costume, fizeram uma cerimônia digna de uma rainha e cremaram seu corpo. O rei enlouqueceu. Seu amado nunca mais se casou,
cultuando-a por toda a vida, à espera de poder encontrá-la de novo. À espera de poder reencontrar sua Maria. No dia em que ele
morreu e reencontrou Maria, o céu se fez do azul mais límpido e teve início a primavera.

Assim a nossa Maria, que agora era a rainha Maria Mulambo, virou lenda; e até hoje é invocada para proteção dos amores
impossíveis.