sábado, 11 de outubro de 2008

Salubá Nanã - "Dona do pote da terra"


Nanã

É cultuada como o Orixá da chuva, das águas paradas,mangue, pântano, terra molhada, lama e considerada a mãe dos orixás Obaluaiyê, Iroko, Osain, Oxumarê e Yewá.
Nanã é chamada carinhosamente de "Avó", por ser usualmente imaginada como umaanciã. É cultuada em todo o Brasil nas religiões-brasileiras. Seu emblema é o Ibiri que caracteriza sua relação com os espíritos ancestrais. Como "Mãe-Terra Primordial" dos grãos e dos mortos.A existência do culto de Nanã Buruku é atribuída a tempos remotos, anteriores à descoberta do ferro por isso, em seus rituais, não costumam ser utilizados objetos cortantes de metal.

sábado, 9 de agosto de 2008

Oyá
O maior e mais importante rio da Nigéria chama-se Níger,
é imponente e atravessa todo o país. Rasgado, espalha-se pelas principais cidades através de seus afluentes por esse motivo tornou-se conhecido com o nome Odò Oya. Esse rio é a morada da mulher dos nove filhos, do rio de nove braços, a Ìyá Mésàn, Iansã (Yánsàn).
Embora seja saudada como a Orixá do rio Níger, está relacionada ao elemento fogo. Na realidade, indica a união de elementos contraditórios, pois nasce da água e do fogo, da tempestade, de um raio que corta o céu no meio de uma chuva, é a filha do fogo-Omo Iná.
A tempestade é o poder manifesto de Iansã, rainha dos raios, das ventanias, do tempo que se fecha sem chover.
Iansã é uma guerreira por vocação, sabe ir à luta e defender o que é seu, a batalha do dia-a-dia é sua felicidade. Ela sabe conquistar, seja no fervor das guerras, seja na arte do amor. Mostra seu amor e sua alegria contagiantes na mesma proporção que exterioriza sua raiva, seu ódio. Dessa forma, passou a se identificar muito mais com todas as atividades relacionadas ao homem, que são desenvolvidas fora do lar; portanto não aprecia os afazeres domésticos, rejeitando o papel feminino tradicional. Iansã é a mulher que acorda de manhã, beija os filhos e sai em busca do sustento.

"Ògún laka aye Osinmole Ma je ki nri ija re... Ògún yè, pàtàkì orí Órìsà" (Ogum poderoso do mundo, aquele que é próximo de Deus, que eu não me depare com a sua ira...Salve Ogum, Orixá importante para a cabeça)
OGUM o Orixá do progresso, é o temível ORIXÁ considerado o mais guerreiro, violento e implacável de todo o Panteão. Orixá do ferro, da metalurgia e da tecnologia; protetor dos ferreiros, agricultores, caçadores, carpinteiros, escultores, sapateiros, talhadeiros, metalúrgicos, marceneiros, maquinistas, mecânicos, motoristas e de todos os profissionais que de alguma forma lidam com o ferro ou metais afins. Foi OGUM quem ensinou aos homens como forjar o ferro e o aço. Ele tem um conjunto de sete instrumentos de ferro: alavanca, machado, pá, enxada, picareta, espada e faca, com as quais ajuda o homem a vencer as dificuldades da natureza.
A Espada! Eis o braço de OGUM.
O campo de atuação de OGUM é a linha divisória entre a RAZÃO e a EMOÇÃO.
No Ketu, costuma-se dizer que OGUM é aquele que está sempre vigilante, marcial, extremamente disciplinado e sempre pronto para agir onde quer que seja chamado. Mas temos que chamar este ORIXÁ corretamente, pois ELE conhece e domina todos os caminhos e nunca se perde.
OGUM é o ORIXÁ que sempre vence as demandas para as pessoas. Mas temos de ter muito cuidado com aquilo que pedimos para ELE. Se OGUM achar o pedido injusto, ELE se volta contra quem fez o pedido.
Fisicamente, OGUM é magro, mas com músculos e formas bem definidas. Partilha com EXÚ o gosto pelas festas e conversas infindáveis e gostam de brigas boas. Se não fizerem a sua própria briga, compram as de seus amigos e colegas.
OGUM gosta de pisar a terra com os pés descalços. É batalhador e não mede esforços para atingir seus objetivos. E mesmo contrariando a lógica, luta insistentemente e vence.

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Òsun Omiro wanran wanran wanran omi ro! (A água corre fazendo o ruído dos braceletes de Oxum!)

Senhora soberana das águas doces. O casamento, o ventre, a fecundidade e as crianças são de Oxum, assim como, talvez por consequência, a felicidade. O ouro e o dinheiro em todas as suas espécies também são de Oxum. Na África é chamada Iyalode, cargo ocupado pela mulher mais importante da cidade.
Foi rainha de Oyó, onde as mulheres que queriam engravidar procuravam-na, sendo respeitadíssima como feiticeira. Como todos os outros orixás, existem diversos tipos de Oxuns, de acordo com a proximidade de uma tribo ou a profundidade do rio. Oxum pode ser maternal, jovem feiticeira ou uma guerreira.
Oxum domina os rios e as cachoeiras, imagens cristalinas de sua influência: atrás de uma superfície aparentemente calma podem existir fortes correntes e cavernas profundas.
Oxum mostrou que a menstruação, em vez de constituir motivo de vergonha e de inferioridade nas mulheres, pelo contrário proclama a realidade do poder feminino, a possibilidade de gerar filhos.
Fecundidade e fertilidade são por extensão, abundância e fartura e num sentido mais amplo, a fertilidade irá atuar no campo das idéias, despertando a criatividade do ser humano, que possibilitará o seu desenvolvimento. Oxum é o orixá da riqueza - dona do ouro, fruto das entranhas da terra.

XANGÔ - KAO KABIECILE(Venham ver o Rei descer sobre a terra)

Orixá da justiça. Grande rei na terra do Oyó. Viril, violento, justiceiro que castiga os mentirosos, ladrões e os malfeitores. É um orixá que representa o poder em todas as suas dimensões: da riqueza, da sedução, da justiça, da força física, da inteligência. Por isso, a morte por raio é considerada infamante. Da mesma forma, uma casa atingida por um raio é uma casa marcada pela cólera de Sango. Na África, as casas atingidas por raios são obrigadas a pagar multas pesadas para os sacerdotes de Sango, que vem procurar nos escombros os EDUM ARA (pedras de raio) lançadas pelo Orixá e profundamente enterradas no local onde o solo foi atingido. Estas pedras na verdade são machados neolíticos e as mesmas são colocadas dentro de um pilão de madeira esculpida. Tais pedras são consideradas emanações de Sango e possuem o seu Axé e seu poder. A Sango também pertence o Oxê, machado de duas lâminas, portador da sua justiça. O barulho dos trovões é o machado de Xangô caindo do céu para fazer justiça. Xangô tem poderes secretos, contidos no Xerê... Suas palavras tem poder revigorante, mas também podem incendiar, como pedras de fogo atiradas contra seus inimigos.

"Seu caráter, na terra, proferirá sentença contra você".


ORI em yoruba tem muitos significados - o sentido literal é cabeça física, símbolo da cabeça interior. Espiritualmente, a cabeça como o ponto mais alto (ou superior) do corpo humano representa o ORI.

O que é então ORI, de que a natureza é constituído e qual o seu papel na vida do homem? Em primeiro lugar, acredita-se que o corpo humano é constituído de duas partes: a cabeça e o suporte. Acredita-se que este corpo adquire existência na medida em que recebe o sopro vivificador.

Este sopro foi o agente do processo da criação em seu primeiro momento e tem sido o responsável pela geração e continuidade de toda a vida no universo.

O conceito de ORI está intimamente ligado ao conceito de destino pessoal e à instrumentalização do homem para a realização deste destino. ORI é a representação particular da existência individualizada (a essência real do ser). É aquele que guia, acompanha e ajuda a pessoa desde antes do nascimento, durante toda vida e após a morte, referenciando sua caminhada e a assistindo no cumprimento de seu destino.

Todo ORI, embora criado bom, acha-se sujeito a mudanças. Vimos que feiticeiros, bruxas, homens maus e a própria conduta podem transformar negativamente um ORI, sendo sinal dessa transformação uma cadeia interminável de infelicidades na vida de um homem a despeito de seus esforços para melhorar.
O ORI, entidade parcialmente independente, considerado uma divindade em si próprio, é cultuado entre outras divindades, recebendo oferendas e orações.

Quando ORI está bem, todo o ser do homem está em boas condições.
O destino também pode ser afetado, então, pelo caráter da própria pessoa. Um bom destino deve ser sustentado por um bom caráter.

Este é como uma divindade: se bem cultuado concede sua proteção. Assim, o destino humano pode ser arruinado pela ação do homem.

Representa o mais íntimo de cada um, o inconsciente, o próprio sopro de vida em sua particularização para cada pessoa. Ori mora dentro das cabeças humanas, tornando cada um aquilo que é.Como ao morrer, a cabeça de uma pessoa não é separada para o enterro, Ori é conhecido como aquele q pode fazer a grande viagem sem retorno, pois os outros orixás, mesmo quando morrem seus filhos, são libertados da cabeça (Ori) e retornam ao Orun (céu, ou mundo exterior).Durante o processo iniciático a primeira entidade a ser equilibrada é justamente o ori, a individualidade pessoal, para que a pessoa não se transforme em um mero espelho do orixá.

A cerimônia de equilíbrio do Ori dá-se o nome de Bori (bo = comer, ori = cabeça => dar comida para a cabeça, fortalece-la).

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Iemanjá



Iemanjá ou Yemanjá (do iorubá Yemoja), era na origem o orixá dos Egbá, nação iorubá estabelecida outrora na região entre Ifé e Ibadan, onde existe ainda o rio Yemoja. As guerras entre nações iorubás levaram os Egbá a migrar para Abeokutá, no oeste, no início do século XIX, levando consigo os objetos sagrados, suportes do axé da divindade. O rio Ògùn, que atravessa a região, tornou-se a nova morada de Iemanjá. Segundo Pierre Verger, esse rio Ògùn nada tem a ver com Ògún, o orixá Ogum, apesar da opinião de autores do fim do século XIX. Seu nome iorubá deriva de Yèyé omo ejá ("Mãe cujos filhos são peixes").
O principal templo de Iemanjá está localizado em Ibará, um bairro de Abeukutá. Os fiéis desta divindade vão todos os anos buscar a água sagrada para lavar os axés, não no rio Ògùn, mas numa fonte de um dos seus afluentes, o rio Lakaxa. Essa água é recolhida em jarras, transportada numa procissão seguida por pessoas que carregam esculturas de madeira (ère) e um conjunto de tambores. O cortejo na volta, vai saudar as pessoas importantes do bairro, começando por Olúbàrà, o rei de Ibará.
Iemanjá seria filha de Olóòkun, deus (em Benin) ou deusa (em Ifé) do mar. Tem diversos nomes, relativos, como no caso de Oxum, aos diferentes lugares profundos (ibù) do rio. Ela é representada nas imagens com o aspecto de uma matrona, de seios volumosos, símbolo de maternidade fecunda e nutritiva.

Oxalá

São muitas as suas lendas e extensa é sua origem e história na África. No Brasil, os mais cutuados são Oxalufon "o velho" e Oxaguian "o moço". Na sua forma "guerreira", Oxaguian carrega uma espada, cheio de vigor e nobreza, seu templo principal é em Ejigbo, onde ostenta o título de Eléèjìgbó, rei de Ejigbo. Na condição de velho e sábio, Oxalufon, curvado ao peso dos anos, figura nobre e bondosa, carrega um cajado em que se apoia, o Opaxoro, cajado de forte simbologia, utilizado para separação do Orun e o Ayié. No Brasil é o mais venerável e o mais venerado, sua cor é o branco, seu dia a Sexta-feira, motivo pelo qual os candomblecistas em geral usam roupa branca na Sexta-feira e na virada do ano, num claro respeito e devoção a Oxalá. Sua maior festa é uma cerimônia chamada "Águas de Oxalá" que diz respeito a sua lenda dos sete anos de encarceramento, culminando com a cerimônia do "Pilão de Oxaguian", para festejar a volta do pai. Esse respeito advém da sua condição delegada por Olorun, da criação e governo da humanidade.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

A Criação do Mundo segundo o Povo Yorubá

O povo Yoruba e a criação do mundo.

Quando “Olorun” decidiu criar a terra, chamou “Obatala” ( O Rei do Pano Branco), entregou-lhe o “Apo iwa” (bolsa da existência) e deu-lhe instruções necessárias para a realização da magna tarefe... E mandou que ele fosse criar o mundo. “Obatala” então chamou os outros “orisa” para irem com ele. “Oduduwa” disse que antes de viajar tinha que dar uma obrigação. Todos os “orisa” partiram e “Oduduwa” ficou. No caminho “Obatala” encontrou “Esu”. Este. o grande controlador e transportador de sacrifícios que domina os caminhos. “Esu” lembrou que “Obatala” tinha esquecido de dar obrigações antes de viajar. “Obatala” não ligou e seguiu viagem... E foi assim que “Esu” sentenciou que nada do ele se propunha a fazer seria realizado. Mais adiante “Obatala” sentiu sede mas não parou... Passou por um rio, mas não parou. Passou por uma aldeia onde lhe ofereceram leite, mas ele não aceitou. A sede foi ficando insuportável. De repente “Obatala” viu “igi ope”. Sem conseguir se conter diante da sede, abriu o tronco da palmeira com seu “opa soro” (cajado). E bebeu o vinho da palma... até desmaiar. Enquanto isso “Oduduwa” foi consultar “Ifa”. E fez sua obrigações, conforme o jogo do “Babalawo”.Levou para o “Babalawo” cinco galinhas, das que têm cinco dedos em cada pé, cinco pombos, um camaleão, dois mil elos de corrente e todos elementos que acompanham o sacrifício. Seu apanhou estes últimos e uma pena da cabeça de cada ave e devolveu a “Oduduwa” a as corrente, as aves e o camaleão vivos.A última coisa que “Oduduwa” tinha que fazer era levar uma oferenda a “Olorun”. Quando “Olorun” viu “Oduduwa” ficou zangado, dizendo que tinha dado ordens para que todos os “orisa” acompanhassem “Obatala”. “Oduduwa” explicou que estava seguindo ordens de “Ifa”. “Olorun” então aceitou a oferenda. Neste momento “Olorun” lembrou que tinha esquecido de colocar no “Apo Iwa” ( bolsa da existência) um pequeno saco contendo terra, um dos ingredientes necessários para a criação do mundo. Pediu então a “Oduduwa” que levasse o saco e entregasse a “Obatala”. “Oduduwa” viajou... E, encontrou “Obatala” ainda desmaiado, na beira do caminho, com os outros “orisa” à sua volta sem saber o que fazer. “Oduduwa” tentou acordar “Obatala” mas não conseguiu. “Oduduwa”, então. Pegou o saco de terra de volta para “Olorun”. “Olorun” ouviu toda a história e.... Decidiu entregar o saco a “Oduduwa”, com terra, num saco ou concha de igbin ( caracol) uma galinha e um dendezeiro ( palmeira) . “Oduduwa” pegou o saco, foi até o lugar determinado por “Olorun” e criou a terra. “Oduduwa” lançou a terra sobre a água, e nela colocou a palmeira e enviou “Eyele”, a pomba, para esparramá-la. “Eyele” trabalhou muito tempo. Para apressar a tarefa, “Oduduwa” enviou as cinco galinhas de cinco dedos em cada pé. Estas removeram e espalharam a terra imediatamente em todas as direções, à direita, à esquerda e ao centro, a perder de vista. Elas continuaram durante algum tempo. “Oduduwa” quis saber se a terra estava firme. Enviou o camaleão que, com muita precaução, colocou primeiro uma papa, tateando, apoiando-se sobre esta pata, colocando a outra e assim sucessivamente até que sentiu a terra firme sob suas patas.“Ole” ? “Kole” ?Ela está firme ? Ela não está firme ?Quando o camaleão pisou por todos os lados, “Oduduwa” tentou por sua vez. “Oduduwa” foi o primeiro orisa a pisar na terra.Neste meio tempo “Obatala” acordou e vendo-se só sem o “apo iwa”, retornou a “Olorun”, lamentando-se de ter sido despojado do “apo”.“Olorun” tentou apaziguá-lo e em compensação transmitiu-lhe o saber profundo e o poder que lhe permita criar todos os tipos de seres que iriam povoar a terra.

Texto adaptado por Adomair O Ogunbiyi

Fontes: . Os nago e a morte – Juana E. dos Santos. Odo Ya ! - ISER. Orixás – P.F. Veger. Agô Agô lonan – M. de Lourdes Siqueira. Yoruba: Tradição Oral e História – OlumuyiwaAnthony Adekoya. A Enxada e a Lança – Alberto da Costa e Silva