sexta-feira, 25 de julho de 2008

Òsun Omiro wanran wanran wanran omi ro! (A água corre fazendo o ruído dos braceletes de Oxum!)

Senhora soberana das águas doces. O casamento, o ventre, a fecundidade e as crianças são de Oxum, assim como, talvez por consequência, a felicidade. O ouro e o dinheiro em todas as suas espécies também são de Oxum. Na África é chamada Iyalode, cargo ocupado pela mulher mais importante da cidade.
Foi rainha de Oyó, onde as mulheres que queriam engravidar procuravam-na, sendo respeitadíssima como feiticeira. Como todos os outros orixás, existem diversos tipos de Oxuns, de acordo com a proximidade de uma tribo ou a profundidade do rio. Oxum pode ser maternal, jovem feiticeira ou uma guerreira.
Oxum domina os rios e as cachoeiras, imagens cristalinas de sua influência: atrás de uma superfície aparentemente calma podem existir fortes correntes e cavernas profundas.
Oxum mostrou que a menstruação, em vez de constituir motivo de vergonha e de inferioridade nas mulheres, pelo contrário proclama a realidade do poder feminino, a possibilidade de gerar filhos.
Fecundidade e fertilidade são por extensão, abundância e fartura e num sentido mais amplo, a fertilidade irá atuar no campo das idéias, despertando a criatividade do ser humano, que possibilitará o seu desenvolvimento. Oxum é o orixá da riqueza - dona do ouro, fruto das entranhas da terra.

XANGÔ - KAO KABIECILE(Venham ver o Rei descer sobre a terra)

Orixá da justiça. Grande rei na terra do Oyó. Viril, violento, justiceiro que castiga os mentirosos, ladrões e os malfeitores. É um orixá que representa o poder em todas as suas dimensões: da riqueza, da sedução, da justiça, da força física, da inteligência. Por isso, a morte por raio é considerada infamante. Da mesma forma, uma casa atingida por um raio é uma casa marcada pela cólera de Sango. Na África, as casas atingidas por raios são obrigadas a pagar multas pesadas para os sacerdotes de Sango, que vem procurar nos escombros os EDUM ARA (pedras de raio) lançadas pelo Orixá e profundamente enterradas no local onde o solo foi atingido. Estas pedras na verdade são machados neolíticos e as mesmas são colocadas dentro de um pilão de madeira esculpida. Tais pedras são consideradas emanações de Sango e possuem o seu Axé e seu poder. A Sango também pertence o Oxê, machado de duas lâminas, portador da sua justiça. O barulho dos trovões é o machado de Xangô caindo do céu para fazer justiça. Xangô tem poderes secretos, contidos no Xerê... Suas palavras tem poder revigorante, mas também podem incendiar, como pedras de fogo atiradas contra seus inimigos.

"Seu caráter, na terra, proferirá sentença contra você".


ORI em yoruba tem muitos significados - o sentido literal é cabeça física, símbolo da cabeça interior. Espiritualmente, a cabeça como o ponto mais alto (ou superior) do corpo humano representa o ORI.

O que é então ORI, de que a natureza é constituído e qual o seu papel na vida do homem? Em primeiro lugar, acredita-se que o corpo humano é constituído de duas partes: a cabeça e o suporte. Acredita-se que este corpo adquire existência na medida em que recebe o sopro vivificador.

Este sopro foi o agente do processo da criação em seu primeiro momento e tem sido o responsável pela geração e continuidade de toda a vida no universo.

O conceito de ORI está intimamente ligado ao conceito de destino pessoal e à instrumentalização do homem para a realização deste destino. ORI é a representação particular da existência individualizada (a essência real do ser). É aquele que guia, acompanha e ajuda a pessoa desde antes do nascimento, durante toda vida e após a morte, referenciando sua caminhada e a assistindo no cumprimento de seu destino.

Todo ORI, embora criado bom, acha-se sujeito a mudanças. Vimos que feiticeiros, bruxas, homens maus e a própria conduta podem transformar negativamente um ORI, sendo sinal dessa transformação uma cadeia interminável de infelicidades na vida de um homem a despeito de seus esforços para melhorar.
O ORI, entidade parcialmente independente, considerado uma divindade em si próprio, é cultuado entre outras divindades, recebendo oferendas e orações.

Quando ORI está bem, todo o ser do homem está em boas condições.
O destino também pode ser afetado, então, pelo caráter da própria pessoa. Um bom destino deve ser sustentado por um bom caráter.

Este é como uma divindade: se bem cultuado concede sua proteção. Assim, o destino humano pode ser arruinado pela ação do homem.

Representa o mais íntimo de cada um, o inconsciente, o próprio sopro de vida em sua particularização para cada pessoa. Ori mora dentro das cabeças humanas, tornando cada um aquilo que é.Como ao morrer, a cabeça de uma pessoa não é separada para o enterro, Ori é conhecido como aquele q pode fazer a grande viagem sem retorno, pois os outros orixás, mesmo quando morrem seus filhos, são libertados da cabeça (Ori) e retornam ao Orun (céu, ou mundo exterior).Durante o processo iniciático a primeira entidade a ser equilibrada é justamente o ori, a individualidade pessoal, para que a pessoa não se transforme em um mero espelho do orixá.

A cerimônia de equilíbrio do Ori dá-se o nome de Bori (bo = comer, ori = cabeça => dar comida para a cabeça, fortalece-la).

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Iemanjá



Iemanjá ou Yemanjá (do iorubá Yemoja), era na origem o orixá dos Egbá, nação iorubá estabelecida outrora na região entre Ifé e Ibadan, onde existe ainda o rio Yemoja. As guerras entre nações iorubás levaram os Egbá a migrar para Abeokutá, no oeste, no início do século XIX, levando consigo os objetos sagrados, suportes do axé da divindade. O rio Ògùn, que atravessa a região, tornou-se a nova morada de Iemanjá. Segundo Pierre Verger, esse rio Ògùn nada tem a ver com Ògún, o orixá Ogum, apesar da opinião de autores do fim do século XIX. Seu nome iorubá deriva de Yèyé omo ejá ("Mãe cujos filhos são peixes").
O principal templo de Iemanjá está localizado em Ibará, um bairro de Abeukutá. Os fiéis desta divindade vão todos os anos buscar a água sagrada para lavar os axés, não no rio Ògùn, mas numa fonte de um dos seus afluentes, o rio Lakaxa. Essa água é recolhida em jarras, transportada numa procissão seguida por pessoas que carregam esculturas de madeira (ère) e um conjunto de tambores. O cortejo na volta, vai saudar as pessoas importantes do bairro, começando por Olúbàrà, o rei de Ibará.
Iemanjá seria filha de Olóòkun, deus (em Benin) ou deusa (em Ifé) do mar. Tem diversos nomes, relativos, como no caso de Oxum, aos diferentes lugares profundos (ibù) do rio. Ela é representada nas imagens com o aspecto de uma matrona, de seios volumosos, símbolo de maternidade fecunda e nutritiva.

Oxalá

São muitas as suas lendas e extensa é sua origem e história na África. No Brasil, os mais cutuados são Oxalufon "o velho" e Oxaguian "o moço". Na sua forma "guerreira", Oxaguian carrega uma espada, cheio de vigor e nobreza, seu templo principal é em Ejigbo, onde ostenta o título de Eléèjìgbó, rei de Ejigbo. Na condição de velho e sábio, Oxalufon, curvado ao peso dos anos, figura nobre e bondosa, carrega um cajado em que se apoia, o Opaxoro, cajado de forte simbologia, utilizado para separação do Orun e o Ayié. No Brasil é o mais venerável e o mais venerado, sua cor é o branco, seu dia a Sexta-feira, motivo pelo qual os candomblecistas em geral usam roupa branca na Sexta-feira e na virada do ano, num claro respeito e devoção a Oxalá. Sua maior festa é uma cerimônia chamada "Águas de Oxalá" que diz respeito a sua lenda dos sete anos de encarceramento, culminando com a cerimônia do "Pilão de Oxaguian", para festejar a volta do pai. Esse respeito advém da sua condição delegada por Olorun, da criação e governo da humanidade.