segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Maria, a Rainha dos Humildes

Sua lenda diz que Maria Mulambo nasceu em berço de ouro, cercada de luxo. Seus pais não eram reis, mas faziam parte da
corte no pequeno reinado. Maria cresceu sempre bonita e delicada. Com seus trejeitos, sempre foi chamada de princesinha, mas não
o era. Aos 15 anos, foi pedida em casamento pelo rei, para casar-se com seu filho de 40 anos.

Foi um casamento sem amor, apenas para que as famílias se unissem e a fortuna aumentasse. Os anos se passavam e
Maria não engravidava. O reino precisava de um outro sucessor ao trono. Maria amargava a dor, além de manter um casamento sem
amor, ser chamada de árvore que não dá frutos; e nesta época, toda mulher que não tinha filhos era tida como amaldiçoada.

Paralelamente a isso tudo, a nossa Maria era uma mulher que praticava a caridade, indo ela mesma aos povoados pobres do
reino, ajudar aos doentes e necessitados. Nessas suas idas aos locais mais pobres, conheceu um jovem, apenas dois anos mais
velho que ela, que havia ficado viúvo e tinha três filhos pequenos, dos quais cuidava como todo amor. Foi amor à primeira vista, de
ambas as partes, só que nenhum dos dois tinha coragem de aceitar esse amor. O rei morreu, o príncipe foi coroado e Maria declarada
rainha daquele pequeno país.

O povo adorava Maria, mas alguns a viam com olhar de inveja e criticavam Maria por não poder engravidar. No dia da coroação
os pobres súditos não tinham o que oferecer a Maria, que era tão bondosa com eles. Então fizeram um tapete de flores para que
Maria passasse por cima. A nossa Maria se emocionou; seu marido, o rei, morreu de inveja e ao chegar ao castelo trancou Maria no
quarto e deu-lhe a primeira das inúmeras surras que ele lhe aplicaria. Bastava ele beber um pouquinho e Maria sofria com suas
agressões verbais, tapas, socos e pontapés. Mesmo machucada, nossa Maria não parou de ir aos povoados pobres praticar a caridade.
Num destes dias, o amado de Maria, ao vê-la com tantas marcas, resolveu declarar seu amor e propôs que fugissem, para viverem
realmente seu grande amor. Combinaram tudo. Os pais do rapaz tomariam conta de seus filhos até que a situação se acalmasse e ele
pudesse reconstruir a família. Maria fugiu com seu amor apenas com a roupa do corpo, deixando ouro e jóias para trás.

O rei no princípio mandou procurá-la, mas, como não a encontrou, desistiu. Maria agora não se vestia com luxo e riquezas,
agora vestia roupas humildes que, de tão surradas, pareciam mulambos; só que ela era feliz. E engravidou. A notícia correu todo o
país e chegou aos ouvidos do rei. O rei se desesperou em saber que ele é que era uma árvore que não dá frutos. A loucura tomou
conta dele ao saber que era estéril e, como rei, ele achava que isso não podia acontecer. Ele tinha que limpar seu nome e sua honra.
Mandou seus guardas prenderem Maria, que de rainha passou a ser chamada de Maria Mulambo, não como deboche mas, sim, pelo
fato de ela agora pertencer ao povo. Ordenou aos guardas que amarrassem duas pedras aos pés de Maria e que a jogassem na parte
mais funda do rio. O povo não soube, somente os guardas; só que 7 dias após esse crime, às margens do rio, no local onde Maria foi
morta, começaram a nascer flores que nunca ali haviam nascido. os peixes do rio somente eram pescados naquele local, onde só
faltavam pular fora d'água. Seu amado desconfiou e mergulhou no rio, procurando o corpo de Maria; e o encontrou.

Mesmo depois de estar tantos dias mergulhado na água, o corpo estava intacto; parecia que ia voltar à vida. os mulambos com
que Maria foi jogada ao rio sumiram. Sua roupa era de rainha. Jóias cobriam seu corpo. Velaram seu corpo inerte e, como era de
costume, fizeram uma cerimônia digna de uma rainha e cremaram seu corpo. O rei enlouqueceu. Seu amado nunca mais se casou,
cultuando-a por toda a vida, à espera de poder encontrá-la de novo. À espera de poder reencontrar sua Maria. No dia em que ele
morreu e reencontrou Maria, o céu se fez do azul mais límpido e teve início a primavera.

Assim a nossa Maria, que agora era a rainha Maria Mulambo, virou lenda; e até hoje é invocada para proteção dos amores
impossíveis.

MARIA PADILHA DE CASTELLA



A Verdadeira História
A verdadeira história desta entidade ainda não esta comprovada de fato! Porque devido a várias histórias contadas e publicadas sempre deixa um fecho para inúmeras controversas. Já faz um bom tempinho que venho lendo e pesquisando histórias de Maria Padilha ou ( Maria de Padilha) que vem a ser o verdadeiro nome da amante rainha do Rei de Castela.
A história conta que Maria de Padilha era uma jovem muito sedutora que foi viver no reinado de Castela como dama de companhia de D. Maria, mãe de D. Pedro I de Castela ( O cruel ) . Sendo que esta moça tinha um tutor e este responsável e tio da bela donzela, que também era herdeira de sangue nobre, devido a influencia de seu pai na corte espanhola.
A lenda conta que D.Pedro de Castela já estava noivo de D. Blanca de Bourbom, uma jovem pertencente a corte francesa, que foi enviada para Castela para casar-se com D. Pedro porque este estava já para assumir o Reinado do pai, no ano 1350.
D. Maria de Padilha e o Rei de Castela depois de apresentados, fulminaram-se de paixão um pelo outro e mesmo as escondidas começaram um grande caso de amor, onde sabiam que jamais seria aceito pela família e tampouco pela corte.
D.Pedro I de Castela, não queria casar-se com D. Blanca de Bourbom , mais este casamento traria excelentes benefícios políticos para a corte Espanhola e Portuguesa.
Dizem que Maria de Padilha, trabalhava na magia com um judeu cabalista e que este a ensinou muitas magias e através destas... conseguiu dominar o Rei de Castela completamente. Conta a história que ela foi uma das grandes responsáveis pelo o abandono ou morte de D. Blanca de Bourbom pelo rei, digo abandono ou morte porque ainda é uma história muito confusa... alguns livros indicam que D. Blanca foi decapitada ao mando do Rei... outros apenas citam que ela foi abandonada por ele e devolvida a sua família na França por ele ter assumido seu amor por Maria de Padilha.
Maria de Padilha de Castela, depois do sumiço de D. Blanca passou a viver com o Rei em seu castelo em Sevilha, palácio que foi construído e presenteado a Maria de Padilha pelo seu amado rei de Castela.
Maria Padilha deu quatro filhos ao rei de Castela sendo que o primogênito morreu em idade tenra.
Ao contrario do que conta muitas histórias publicadas desta grande personagem, Maria Padilha morreu antes do Rei de Castela e este fez seu velório e enterro como de uma grande rainha, fez com que seu súditos beijassem as mãos do corpo falecido por peste negra e a enterrou nos jardins de seu castelo.
O Rei anunciou ao sei reinado que havia casado com D. Maria Padilha as escondidas e que queria que seu filhos com ela fossem reconhecidos como herdeiros do trono e que a imagem de Maria Padilha diante do povo fosse de uma Grande Rainha.
Um ano mais tarde o rei veio a casar-se de novo, mais nunca escondeu que o grande amor de sua vida tinha sido D. Maria Padilha, os contadores contavam que o feitiço lançado ao rei pela poderosa Padilha seria eterno!
Alguns anos depois o Rei de Castela veio a falecer pelas mão de seu meio irmão bastardo que acabou assumindo o seu posto de Rei de Castela... o corpo do rei deposto foi enterrado a frente da sepultura de sua Amada Rainha Padilha, onde foram construídos duas estátuas uma em frente a outra, para que mesmo na eternidade os amados nunca deixassem de olhar um pelo outro.

Dizem que a entidade de Maria Padilha, na sua primeira aparição, foi em uma mulata no tempo da corte de D.Pedro II no Brasil , onde esta mulata em um sessão da Catimbó... recebeu uma entidade muito feiticeira e faceira que se apresentou com D. Rainha Maria Padilha de Castela e contou a sua história e que depois dela outras Padilhas viriam para fazer parte da sua quadrilha.
Dizem que depois desta anunciação de D. Maria Padilha, ela só voltou mais uma ou duas vezes e que não mais chegaria na terra por sua missão presente estar cumprida, mais que por castigo de Jesus e por mando do Rei das Encruzilhadas ela ainda permaneceria na terra e confins, comandando a sua quadrilha de mulheres e exus para todos os tipos de trabalhos... Depois disto, nunca mais ninguém voltou a ver ou assistir a curimba desta poderosa entidade rainha das giras. Há muitos pais de santo e estudiosos que dizem que D. Rainha da Sete Encruzilhada é D. Maria Padilha de Castela, por ter sido ela eleita a Rainha de todas as giras, mais esta desconfiança, ainda não foi esclarecida, nem pelas próprias identidades que trabalham com D. Rainha das Sete Encruzilhadas. Esta desconfiança gerou porque D. Padilha de Castela se titulava Rainha e sempre saudava as sete encruzilhadas, onde morava o seu rei e de onde ela reinava.

Pai Joaquim D'Angola

Educar é limitar

Maria Joana era seu nome. Trinta e nove anos, com aparência de cinqüenta. A pele ressecada e a magreza eram o resultado de uma vida dura, auxiliados pelo vício do cigarro desde muito jovem.

Agora ela estava ali, naquela fila, aguardando ansiosa um atendimento para tentar resolver o problema com o filho. Seu nervosismo e preocupação, lhe tiravam a percepção do quanto seu cigarro aceso incomodava as outras pessoas da fila. Ao chegar na porta do terreiro, foi chamada a atenção pelo cambono, pois naquele ambiente era proibido fumar. Contrariada, apagou o cigarro mas à medida que se aproximava do congá, onde eram atendidas as pessoas da fila, verificou que alguns dos médiuns incorporados fumavam palheiros ou charutos. Sua revolta acentuou-se, aliada ao longo tempo em que ficara na fila e virando-se ao rapaz que estava logo atrás, iniciou uma conversação demonstrando sua indignação, atiçando nele uma pontinha de inquietação que logo se estendeu à pessoa seguinte e mais outros além deles. Quando perceberam, estavam sendo chamados à atenção pois tumultuavam o local com sua conversa alta.

Sem demora, chegou a vez de Maria Joana ser atendida. Encaminhada em frente ao preto velho, Pai Joaquim, foi logo relatando seus queixumes:

- Vim aqui porque preciso dar um jeito na minha vida ou então vou me matar. Deus esqueceu de mim. Meu filho foi preso só porque se meteu com gente que não presta e acabou pagando sozinho. Como se não bastasse, alguns maus elementos estão me ameaçando para pagar dívidas que dizem, ser dele. Já não tenho mais saúde para trabalhar e meu filho era quem sustentava a casa.

Pai Joaquim que ainda nem tivera tempo de cumprimentar a mulher, mas que observava atento o movimento que se dava ao seu redor, tanto de entidades que a acompanhavam, quanto de elementos energéticos que agiam qual parasitas em seu corpo etérico, fumegava seu cachimbo demonstrando tranqüilidade.

-Saravá zi fia. Nego véio tá aqui matutando...Zi fia tá toda enrolada...eh.eh.

E fumegando seu cachimbo, dava longas baforadas na aura da mulher, de onde se desprendiam pequenas larvas mal cheirosas, as quais eram recolhidas pelas entidades responsáveis pela faxina astral do lugar. Duas entidades, que se mantinham grudadas a ela, mesmo depois da primeira varredura efetuada na porta do templo, debochavam do preto velho e transmitiam à mente da mulher idéias para que desistisse daquilo tudo, pois de nada adiantaria, ao mesmo tempo em que atiçavam a sua vontade de fumar ao sentir o cheiro do fumo do cachimbo.

Puxando um ponto cantado de demanda e riscando um ponto na testa da mulher, Pai Joaquim acionou uma carga energética que desprendeu-se do congá e veio como um raio em direção aos dois intrusos, fazendo com que desmaiassem. Recolhidos pelos guardiões de plantão do templo, eles foram levados para outro departamento onde seriam atendidos dentro de seu merecimento.

Inevitável a sensação de perda que se deu imediatamente no corpo emocional da mulher, que desatou num choro quase convulsivo, sem nem ela mesmo saber porque.

-Isso zi fia. Chora mesmo, suncê tá precisando – falou o preto velho enquanto continuava a cantarolar e mandigar, usando sua sabedoria milenar na magia branca para aliviar aquele espírito necessitado tanto de alívio quanto de aprendizado sobre a vida.

- Agora esse negro velho é obrigado a falar para a filha que nada do que “suncê” achou encontrar por aqui hoje, vai ajudar. Mesmo estando deste lado da vida, não temos o poder de ultrapassar a s leis divinas e transformar o carma ou escolha dos filhos. Acima de tudo, precisamos respeitar vosso livre arbítrio. Nem o preto velho, nem qualquer entidade que trabalha nesta casa vai realizar os “trabalhos” que a filha deseja para arrumar a vida. O que nos é permitido fazer já está feito. O resto filha, é a sua parte, e esta, é a mais importante.

- Mas já não tenho saúde nem forças para mais nada...

-Sua saúde abalada e a falta de forças, deve-se muito ao vício do cigarro que está adoecendo seu sistema respiratório e abalando sua imunidade.

-Ah, mas se cigarro faz mal por que é que o senhor está fumando esse cachimbo?

-Eh,eh,zi fia. Nego véio vai explicar a diferença, mas primeiro vai dizer que a melhor maneira de educar alguém é pelo exemplo, não é mesmo? De certa maneira zia fia tem razão. Como posso exigir dos outros, mudanças que ainda não realizei comigo mesmo?

Esse cachimbo que nego véio está fumegando, recheado de fumo serve como defumador para os filhos que chegam aqui envolvidos em energias mórbidas e pestilentas.. Conciliando o elemento vegetal que é o fumo seco, mais o elemento fogo que queimando o mesmo gera a fumaça, age como verdadeira profilaxia ou varredura energética na aura dos filhos. O médium que me serve de aparelho não se intoxica e não vicia com a fumaça porque não a aspira para seu organismo físico. Prova disso é que o meu aparelho não tem o hábito de fumar quando fora deste trabalho mediúnico.

Diferença se faz com o cigarro caro e venenoso, impregnado de elementos químicos e viciantes que a filha aspira para seus pulmões e que com o passar do tempo, corrói este órgão tirando sua capacidade respiratória, além de criar dependência.

Sem contar filha, que os fumantes acabam sendo fornecedores de nicotina e satisfação a muitos espíritos desencarnados que morreram viciados. Eles agem intuindo os fumantes a desejar ardentemente mais um cigarro e qual vampiros, encostam-se ao encarnado, aspirando juntos a fumaça inebriante. Quadro assustador e nojento para quem os vê, por vezes quase dantesco. Agora mesmo, nego véio, com o auxílio do nosso povo do bem, tirou dois seres desencarnados e fumantes que mantinham-se grudados ao seu corpo e garanto que se a filha os visse, desistiria do fumo imediatamente.

De olho arregalado a mulher escutava tudo, ainda meio aturdida.

- Mas eu já fumo a mais de vinte anos e não consigo deixar.

- Pois é zi fia. Mas apesar disso, não nasceu fumando e porque então tem que morrer assim? Se quiser realmente largar do vício vai precisar de ajuda médica, espiritual e muita boa vontade, mas lhe garanto que o esforço vai valer a pena. Além de prolongar os seus dias, eles serão vividos de forma saudável em todos os sentidos. Deixará de ser atrativo para estes pobres sofredores desencarnados que nada de bom trazem para sua energia, mudando sua condição vibratória.

- O preto velho acha que se eu fizer uma promessa de dar uma caixa de cachimbo por mês para o senhor, isso vai me ajudar?

- Eh...eh zi fia! Até que seria uma maneira melhor de empregar o dinheiro, mas nego véio vai dizer que não deve trocar um vício por outro. Não pode querer negociar com a espiritualidade nem com o Criador. Não precisa pagar nada a ninguém para ser auxiliada pelos bons espíritos. Só o que precisa é a sua auto-transformação, a sua fé racional. No mundo espiritual, só precisam de pagamentos, aqueles espíritos da mão esquerda e que efetuam trocas com os encarnados, mas alerto a filha de que essas negociatas sempre acabam mal.

- Quanto ao seu filho que está preso pela justiça dos homens, nego véio aconselha a filha a repensar na educação que lhe deu. Mimou demais aquele menino tentando compensar a falta do pai e esqueceu de lhe dar limites. Hoje zi fia, aquele menino está colhendo o que plantou. Nego véio sabe que aos olhos de uma mãe, todo filho sempre é inocente e perfeito. Mas o que não pode esquecer é que nossos filhos são espíritos endividados e errantes que vem às nossas mãos para reajuste e não para serem criados como pequenos príncipes cheios de mordomias. As asperezas do caminho, as dificuldades por que passam os pais, não devem ser omitidas ao restante da família. O amor zi fia, não é proteção contra as dores do mundo, mas deve ser ensinamento dado pelo exemplo.

Não o abandone, mas faça com que enxergue a realidade. Não o veja como uma criança desprotegida, pois se foi bastante adulto para roubar, deve arcar com as consequências. Não vai ser livrando-o da prisão que a filha vai endireitar o pau torto. O dinheiro que ele lhe trazia todo mês, não era fruto de seu suor, mas sim, de seus roubos e portanto, um dinheiro maldito. A dor filha, só a dor poderá ser remédio para ambos. Exija dele atitudes sadias, mas dê o exemplo. Mude suas atitudes também e comece por mostrar que é capaz de deixar do cigarro ou então como vai pedir que ele largue seus vícios?

Pai Joaquim a abençoou em nome de N.Senhor Jesus Cristo e pediu que ela voltasse outras vezes a falar com ele, se assim o quisesse. E assim foi. Muitas outras vezes a mulher com aspecto cada vez mais saudável voltou a conversar com o preto velho e sempre saía do terreiro mais aliviada. Os conselhos de Pai Joaquim eram o único alento que ainda tinha, mas que lhe faziam reviver.

Um ano depois, agradecia emocionada aos pretos velhos a liberdade condicional conseguida para seu filho, acendendo uma vela aos pés da santa e cozinhando o que tinha de melhor em casa para o aquele que retornava ao seu convívio, quando ouviu o estampido de um tiro e um grito. Seu filho caía morto na porta da casa, perseguido pelos cobradores vingativos que o aguardavam.

Depois do desespero e do enterro daquele, que para ela, era ainda uma criança, voltou ao terreiro de Umbanda para pedir alento à sua alma doída e estranhou por não encontrar mais o Pai Joaquim dando passagem através daquele moço. Sendo atendida por outro médium que trazia ao terreiro a Vovó Maria Conga, ela soube que o rapaz havia sido morto num assalto efetuado por um rapaz, no dia em que saia da prisão e que o assassinou para roubar apenas uns poucos trocados, um relógio e seu anel de formatura. A notícia caiu sobre ela como uma bomba, pois lembrou que ao levantar o corpo morto de seu filho na porta de casa, verificou que ele tinha um relógio e um anel, que sabia, não eram seus.

Naquele instante, como uma mágica passou por sua mente todas as palavras ouvidas ali mesmo, de Pai Joaquim, sobre a colheita de nossos plantios e sua responsabilidade como mãe na educação do filho, impondo-lhe limites.

A dor de duas perdas acompanhou aquela mulher ainda por décadas, até que desencarnou por enfisema pulmonar.

História contada por Vovó Benta

Leni W.Savisck

Tia Maria do Rosário

"O tia Maria preta velha da Bahia/Rezadeira de quebranto /Dança na ponta do pé /Quando pega num rosário /Traça umbanda
e candomblé"

“A ingratidão é um dos frutos mais imediatos do egoísmo;

revolta sempre os corações honestos.”

Vovó Maria fumegava seu pito e batia seu pé ao som da curimba enquanto observava o terreiro,

onde os cambones movimentavam-se atendendo aos pretos velhos e aos consulentes. Mandingueira,

acostumada a enfrentar de tudo um pouco nos trabalhos de magia, sabia perfeitamente como o mal

agia tentando disseminar o esforço do bem.

Sob variadas formas, as trevas vagavam por ali também.

Alguns em busca de socorro; outros, mal-intencionados, debochavam dos trabalhadores da luz.

Muitos chegavam grudados no corpo das pessoas, qual parasitas sugando sua vitalidade.

Outros, por sobre seus ombros, arqueando e causando dores nos hospedeiros, ou amarrados

nos tornozelos, arrastavam-se com gemidos de dor. Fora os tantos que eram barrados pela guarda

do local, ainda na porta do terreiro e que, lá de fora, esbravejavam palavrões.

Da mesma forma, o movimento dos exus e outros falangeiros se fazia intenso no lado astral

do ambiente, para que, dentro do merecimento de cada espírito, pudessem ser encaminhados.

Uma senhora com ares de madame se aproximou da preta velha para receber atendimento. Vinha

arrastando uma perna que mantinha enfaixada.

– Saravá, filha – falou Vovó Maria, enquanto desinfetava o campo magnético da mulher com um

galho verde, além de soprar a fumaça do palheiro em direção ao seu abdome, o que fez com que

a mulher demonstrasse nojo em sua fisionomia.

Fingindo ignorar, a preta velha, cantarolando, continuou a sua limpeza. Riscando um ponto com

sua pemba no chão do terreiro, pediu que a mulher colocasse sobre ele a perna ferida.

“Será que não vai pedir o que tenho?”, pensou a mulher, já arrependida por estar ali naquele

lugar desagradável. “Vou sair daqui impregnada por estes cheiros!”

Vovó Maria sorriu, pois captara o pensamento da mulher, mas preferiu ignorar tudo isso. O que a

mulher não sabia era a gravidade real do seu caso, ou seja, aquilo que não aparecia no físico. Se ela

pudesse ver o que estava causando a dor e o inchaço na perna, aí sim, certamente ficaria muito

enojada. Na contraparte energética, abundavam larvas que se abasteciam da vitalidade do que

já era uma enorme ferida e que breve irromperia também no físico.

Além disso, uma entidade espiritual, em quase total deformação, mantinha-se algemada à sua

perna, nutrindo, assim, essas larvas astrais. Para qualquer neófito, aquilo mais parecia um cadáver

retirado da tumba mortal, inclusive pelo mau cheiro que exalava.

Com a destreza de um mago, a preta velha sabia como desvincular e transmutar toda essa parafernália

de energias densas, libertando e socorrendo a entidade escravizada a ela.

Feitos os devidos “curativos” no corpo energético da mulher, Vovó Maria, que à visão dos

encarnados não fez mais que um benzimento com ervas e algumas baforadas de palheiro, dirigiu-se

agora com voz firme à consulente:

– Preta Velha até aqui ouviu calada o que a ilha pensou a respeito do seu trabalho.

Agora preciso abrir minhas tramelas e puxar sua orelha.

Ouvindo isso, a mulher afastou-se um pouco da entidade, assustada com a possibilidade de que ela

viesse mesmo a lhe puxar a orelha.

“Escutou o que pensei? Ah, essa é boa. Ela está blefando comigo.”, pensou novamente a mulher.

– Se a madame não acredita em nosso trabalho, por que veio aqui buscar ajuda? Filha, não

estamos aqui enganando ninguém. Procuramos fazer o que é possível, dentro do merecimento de

cada um.

– É que me recomendaram vir me benzer, mas eu não gosto muito dessas coisas…– …e só veio

porque está desesperada de dor e a medicina não lhe deu alento, não foi ilha? – complementou a preta

velha.

– Os médicos querem drenar a perna e eu fiquei com medo, pois nos exames não aparece nada, mas a

dor estava insuportável.

– Estava? Por quê, a dor já acalmou?

– É, agora acalmou, parece que minha perna está amortecida.

– E está mesmo, eu fiz um curativo.

A mulher, olhando a perna e não vendo curativo nenhum, já estava pronta para emitir um pensamento

de desconfiança quando a preta velha interferiu:

– Vá para sua casa, ilha, e amanhã bem cedo colha uma rosa do seu jardim, ainda com orvalho, e

lave a sua perna com ela, na água corrente. Ao meio-dia o inchaço vai sumir e sua perna estará curada.

Não ousando mais desconfiar, ela agradeceu e já estava saindo quando a preta velha a chamou e disse:

– Não se esqueça de pagar a promessa que fez pra Sinhá Maria, antes dela morrer…

Arregalando os olhos, a mulher quase enfartou e tratou de sair daquele lugar imediatamente.

O cambone, que a tudo assistia calado, não agüentando a curiosidade perguntou que promessa foi essa.

– Meu menino, o que nós escondemos dos homens fica gravado no mundo dos espíritos.
Essa filha, herdeira de um carma bastante pesado por ter sido dona de escravos em vida passada e,

principalmente, por tê-los ferido a ferro e fogo, imprimindo sua marca na panturrilha dos negros,

recebeu nesta encarnação, como sua fiel cozinheira, uma negra chamada Sinhá Maria.

Esse espírito mantinha laços de carinho profundo pela madame desde o tempo da escravidão, quando

foi sua “Bá” e, por isso, única poupada de suas maldades. Nessa encarnação, juntaram-se novamente

no intuito de que a bondosa negra pudesse despertar na mulher um pouco de humildade, para

que esta tivesse a oportunidade de ressarcir os débitos, diante da necessidade que surgiria de auxiliar

alguém envolvido na trama cármica.

Sinhá Maria, acometida de deficiência respiratória, antes de desencarnar solicitou à sua patroa que, na

sua falta, assistisse seu esposo, que era paraplégico, faltando-lhe as duas pernas.

Deixou para isso todas as suas economias de anos a fio de trabalho e só lhe pediu que mantivesse

com isso a alimentação e os medicamentos. Mas na primeira vez que ela foi até a favela onde morava

o homem, desistiu da ajuda, pois aquele não era o seu “palco”. Tratou logo de ajustar uma vizinha

do barraco, dando-lhe todo o dinheiro que Sinhá havia deixado, com a promessa de cuidar do pobre

homem. Não é preciso dizer que rumo tomaram as economias da pobre negra; em pouco tempo, para

evitar que ele morresse à míngua, a Assistência Social o internou em asilo público. Lá ele aguarda sua

amada para buscá-lo, tirando-o do sofrimento do corpo físico. Nenhuma visita, nenhum cuidado

especial. A madame se havia “esquecido” da promessa. Eu só iz lembrá-la para que não tenha que

voltar aqui com as duas pernas inválidas. A Lei só nos cobra o que é de direito, mas ela é infalível.

Quanto mais atrasamos o pagamento de nossas dívidas, maiores elas ficam. Por isso, camboninho,

negra velha sempre diz para os filhos que a caridade é moeda valiosa que todos possuímos, mas que

poucos de nós usam. Se não acordamos sozinhos, na hora exata a vida liga o “desperta-dor” e, às vezes,

acordamos
assustados com a barulheira que ele faz… eh, eh, eh… Entendeu, meu menino?

– Sim, minha mãe. Lembrei que tenho de visitar meu avô que está no asilo…

Sorrindo e balançando a cabeça a bondosa preta velha falou com seus botões:

– Nega véia matô dois coelhos com uma cajadada só… eh, eh…

E, batendo o pé no chão, fumando seu pito e cantarolando, prosseguiu ela, socorrendo e curando

até que, junto aos demais, voltou para as bandas de Aruanda.

Causos de Umbanda Volume 2 – Páginas 37 a 41 - Vovó Benta / Leni W. Saviscki

Caboclo Sete Flechas




A vibração original do Caboclo 7 Flechas é a vibração de Oxossi, porém temos que ter em mente que o Caboclo foi agraciado com 7 flechas em que cada uma representa uma vibração de cada Orixá, tendo assim a incumbência de enviar seus Falangeiros a todas as outras vibrações. Por este fato é que encontramos Caboclos que usam o nome do seu chefe de legião (Caboclo 7 Flechas), espalhados por todas as 7 Linhas e sub-Linhas da Umbanda, ou seja, em todas vibrações existentes dentro da Umbanda. O Caboclo das 7 Encruzilhadas e a Falange que ele comanda vibra junto a todos Orixás. O Caboclo 7 Flechas, recebeu essas flechas de 7 Orixás, a mando de Oxalá e essas flechas podemos tentar definir cada uma, lógico que esta definição não é algo que repasso de forma pretensiosa, mesmo porque eu não trabalho com este Caboclo, eu O tenho em grande estima.

- Oxossi colocou uma flecha no seu braço direito, flecha da saúde para que derrame sobre nós os bálsamos curadores.

- Ogum colocou uma flecha no seu braço esquerdo, flecha da defesa para que sejamos defendidos de todas as maldades materiais e espirituais.

- Xângo cruzou uma flecha em seu peito, para nos defender das injustiças da humanidade.

- Iansã cruzou uma flecha em suas costas, para nos defender de todas as traições de nossos inimigos.

- Iemanjá colocou uma flecha sobre sua perna direita, para abrir nossos caminhos materiais e na senda da espiritualidade.

- Oxum colocou uma flecha sobre sua perna esquerda, para lavar os nossos caminhos, iluminar os nossos espíritos e nos defender de todas as forças contrárias à vontade de Deus.

- Omulu/Obaluaiê entregou em suas sagradas mãos a flecha da força astral superior, para distribuir à humanidade a Divina força da fé e da verdade.

Salve o Caboclo Sete Flechas, que suas flechas, nos mostrem sempre o melhor caminho!!!

Fonte de pesquisa: Livro Umbanda é Luz